Título da redação:

É falta de paciência ou tempo?

Tema de redação: Como enfrentar o dilema da nomofobia no Brasil

Redação enviada em 03/09/2017

Machado de Assis, em muitas de suas obras, reflete por meio do pessimismo e ironia frequentes em seus textos, a objetificação e reificação humana na sociedade que nos formou. Seja em “Memórias Póstumas” com Braz Cubas ou até em “Quincas Borba” com Rubião, a redução do homem a uma fonte de lucro é presente e deixa clara a problemática que vivemos hoje no coletivo, diante da transformação do indivíduo em uma ferramenta de potencialização de interesses. Reverter esse quadro - eis a missão de um país que posterga as relações pessoais para viver a “vida social” É valido considerar, antes de tudo, o papel da família nesse processo. A fim de satisfazer seus próprios “vícios”, principalmente em redes sociais, pais e familiares cada vez mais sem paciência ou tempo, introduzem seus filhos muito jovens a utilização de aparelhos eletrônicos muito pouco ou nada educativos, e ainda tornam esses equipamentos forma de recompensa a esses indivíduos em desenvolvimento, alimentando exponencialmente seu nível de dependência. Durkheim já no século XIX, admitia como fato social a coerção que a sociedade tem sobre o indivíduo, sendo assim, essa pressão para “estar conectado” e a falsa sensação de “proximidade”, tem acarretado inúmeros problemas de saúde como depressão, ansiedade, agressividade dentre outros fatores. Nesse contexto, percebe-se a urgente necessidade de melhorar as relações familiares para que seja possível amenizar essa submissão. Cabe apontar também a influência das grandes marcas nessa problemática. Com intuito de persuadir os consumidores, empresas utilizam-se de linguagem sugestiva, apelos sensoriais e até dos chamados “digital influencers” na internet para tornar mais eficaz a venda de seus produtos e manter os usuários conectados. As crianças e jovens, imaturos e desprovidas de senso crítico aguçado, acabam por se tornar alvos fáceis dessa estratégia de comunicação, vindo a se tornar consumidores compulsivos quando adultos, conforme aponta pesquisa realizada pela “IstoÉ” em sua página na internet, respaldando novamente a necessidade de rever a forma como utilizamos a internet e viabilizamos a mesma aos menores. Fica evidente, portanto, que excessos na utilização da internet devem ser combatidos. Para isso, o MEC deve viabilizar atividades nas escolas que incluam a família dos alunos sobre a utilização consciente da internet, assim como, as prefeituras municipais podem incentivar os jovens a participarem de atividades esportivas e recreativas aos finais de semana nos parques públicos – Ong’s voltadas para atividades recreativas podem ajudar nesse processo. Cabe também ao governo brasileiro regular e fiscalizar os meios de anúncio nas páginas da internet, criando leis que limitem as empresas e inibam o excesso de publicidade principalmente em sites infantis. Assim, poderemos, aos poucos, reverter esse cenário de alienação digital, contribuindo para a restauração das relações pessoais.