Título da redação:

Celular: o décimo quinto órgão do ser humano

Tema de redação: Como enfrentar o dilema da nomofobia no Brasil

Redação enviada em 24/10/2018

Facebook. Instagram. Twitter. Email. Whatsapp. Inúmeras são as redes que mantém o mundo conectado a uma tela de celular hoje em dia. O mundo virtual tornou-se parte do dia-dia do cidadão comum, e em meio a tantas telas e essa necessidade de conectar-se, o aparelho celular tornou-se, praticamente, o décimo quinto órgão do corpo humano. Entretanto, patologias ligadas a essa super-conectividade emergem, entre elas a nomofobia. Diante desse problema, vale questionar suas causas e consequências, e como a desinformação ainda é um obstáculo para resolvê-la. Primeiramente, deve-se compreender em qual contexto a nomofobia surge como patologia contemporânea em um mundo de telas. A Revolução Informacional que o século XXI passa transbordou os limites da mera comunicação, atingindo a vida pessoal e a construção identitária dos sujeitos. Somado a isso, a informação, o consumo, o entretenimento e os próprios relacionamentos, dão-se no mundo atual principalmente via internet. Fazendo ode à “Sociedade do espetáculo” de Debord, em um mundo que supervaloriza a dimensão visual da comunicação, a sociedade é marcada pelas telas, sejam as grandes, como outdoors, médias, das televisões, ou pequenas, dos celulares. Dessa forma, em um ambiente que estimula visualmente o tempo todo, integrar-se socialmente perpassa estar conectado, e não o fazê-lo é estar invisível, da pior maneira possível. É nesse contexto que a nomofobia emerge, ao lado de outras doenças do mundo moderno como ansiedade aguda, agorafobia e FOMO(fear of missing out), com ainda mais afinco entre os mais jovens, principal parcela populacional atingida pelos impactos da nova realidade/comunicação. Contudo, diante de um cenário de normalização de padrão comportamental, encará-lo e tratá-lo como doença torna-se um desafio. Pelo fato da nomofobia vir acompanhada de outros distúrbios, como ansiedade, medicar os acometidos de acordo com a soma dessas enfermidades faz com que ela também seja tratada. Em uma sociedade em que mais da metade dos brasileiros alegam checar o celular a cada meia hora, segundo dados da revista Time, distinguir doença de meros efeitos da vida moderna parece complexo. Ademais, o preconceito e a relativização dessa fobia também é um obstáculo, e ambos se dão, majoritariamente, pela falta de informação. É nesse viés que os grandes canais de comunicação e a mídia devem expor os principais sintomas, a fim de fazer com que essas pessoas busquem ajuda. Infere-se, portanto, que a nomofobia surge como uma das novas doenças do século XXI, marcado pela comunicação em rede, porém diferenciá-la e não minimizá-la como tal ainda é um desafio. Para vencer essa barreira, faz-se mister que o Ministério da Saúde, em parceria com os grandes veículos de comunicação de massa, façam campanhas que exponham a nomofobia e mostrem seus sintomas, a fim de explanar à sociedade sobre essa nova doença, legitimando-a como tal, voltada, especialmente, para os mais jovens, em razão da sua maior exposição ao risco. Dessa forma, rompe-se o preconceito e abre-se as portas para a busca por ajuda daqueles que precisam. Dessa forma, estar-se-á mais próximo de deixa o celular apenas como um aparelho eletrônico e nada mais.