No poema ``Vou-me embora pra Pasárgada´´ de Manuel Bandeira, vê-se o eu lírico anunciando sua ida para um lugar utópico, objetivando fugir dos problemas e conflitos do mundo que o cerca. Contudo, tal fuga da realidade não se limita à poesia, uma vez que, na contemporaneidade brasileira, o governo e parte da população têm agido de maneira semelhante em vez de tentar superar, por exemplo, o aumento do consumo de drogas lícitas por adolescentes. Nesse prisma, cabe analisar essa questão no país. Antes de tudo, nota-se que falta o poder público conscientizar as pessoas, sobretudo no âmbito escolar, sobre os riscos à saúde causados pelo consumo de drogas lícitas. Isso porque um adolescente pode sentir o desejo de consumir essas substâncias. Entretanto, saber que seu uso pode levar a possíveis consequências graves à suas integridades física e mental tende a se apresentar como elemento de inibição. Esse quadro pode ser explicado a partir da teoria psicanalítica de Sigmund Freud, já que o indivíduo vive em constante conflito entre seus impulsos inconscientes (Id) e a consciência dos limites sociais (Superego). Também, evidencia-se que falta mobilização coletiva para se alcançar, de fato, uma sociedade sem o aumento do consumo de drogas lícitas por adolescentes. Como prova disso, verifica-se a inércia populacional ao não lutarem em prol do investimento na criação de projetos socioeducativos, que permitam a socialização entre os jovens e os propiciem o desenvolvimento educacional. Baseando-se nos estudos do sociólogo Zygmunt Bauman para explicar esse fato, vê-se que os indivíduos, influenciados pelo pessimismo da modernidade, têm aceitado quadros negativos, desacreditando, assim, em sociedades utópicas. Convém, portanto, ressaltar que o aumento do consumo de drogas lícitas por adolescentes deve ser superado. Para isso, é necessário que o Estado, mediante à escola, conscientize os jovens em relção aos riscos acarretados pelo consumo dessas substâncias, objetivendo a diminuição da quantidade de adolescentes consumidores. Ainda, é fundamental que organizações não governamentais sensibilizem a população sobre a importância de uma sociedade ativa e sem aceitação do aumento de adolescentes consumidores de drogas lícitas, para que haja o enfraquecimento dessa problemática. Ademais, a mídia, via campanhas, deve empoderar a ideia de investimento em projetos socioeducativos, que permitam a socialização e o aprendizado dos jovens, a fim de que haja o desenvolvimento de suas habilidades e, junto a isso, a diminuição da taxa de usuários dessas substâncias. Desse modo, a fuga para Pasárgada se restringiria à poesia.