O conceito de modernidade líquida, proposto pelo sociólogo Zigmunt Bauman, versa sobre a liquidez das relações da contemporaneidade. No caso dos adolescentes, essas relações, por serem pouco sólidas, acabam dependendo da utilização de drogas lícitas como fator sociabilizador. Isso, juntamente com a pouca fiscalização dos pontos comerciais que vendem esses produtos, configura-se como fomentadores do consumo crescente dessas substâncias nocivas pelos jovens. É notório que, hodiernamente, a popularidade de determinado item acaba mascarando sua letalidade. Diante disso, o álcool e o cigarro, por serem socialmente aceitos, são frequentemente usados em diversos grupos sociais, muitos deles permeados por adolescentes. Dessa forma, muitas vezes, a inserção de um jovem em uma turma de amigos está condicionada ao fato de ele consumir essas drogas lícitas, revelando um lado mais superficial do ser humano e abrindo brechas para a ocorrência da violência sexual ou verbal, uma vez que as bebidas alcoólicas facilmente levam à perda do autocontrole. Ademais, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que apenas cerca de 5% dos estabelecimentos comerciais exigem a apresentação de documentação que prove a maioridade do cliente e concretize a compra de drogas lícitas. Destarte, os adolescentes têm o acesso a esses produtos facilitado, o que acorre principalmente em áreas urbanas, vide a extensa quantidade de pontos de vendas dessas drogas, os quais, não raro, estão localizados próximo a lugares largamente frequentados por menores de 18 anos, como a escola. Para solucionar tal problemática, portanto, é preciso que haja uma mudança de pensamento popular desde cedo. Assim, pais que entram em pânico quando o filho utiliza êxtase, mas incentiva, por meio do próprio exemplo, o consumo de álcool, deve estabelecer um diálogo com seus filhos para os conscientizarem de que as drogas legalizadas são igualmente prejudiciais, deixando-os livres desse vício iminente. Cabe ao Ministério da Defesa intensificar a fiscalização em bares e pontos de vendas, especialmente os próximos às escolas, mediante agentes de segurança, os quais serão contratados por meio de concursos públicos, para diminuir os dados supracitados. Dessa maneira, os adolescentes brasileiros terão mais segurança e ciência da necessidade de solidificar as suas relações tanto difundidas por Bauman.