Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando alguém se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa o aumento do uso de drogas lícitas pelos jovens, no Brasil, hodiernamente, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país. Nesse sentido, convém analisarmos as principais consequências de tal postura negligente para a sociedade. É indubitável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre as causas do problema. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, o uso da nicotina e da bebida alcoólica, adquiridas com facilidade pelos jovens em comércios e festas, desde a infância, ratificam o baixo controle dos órgãos responsáveis pela fiscalização dos estabelecimentos que detêm drogas lícitas, impossibilitando o ideal harmônico, haja vista que o consumo de droga lícita é comum entre os jovens e, as mortes associadas ao uso excessivo, apenas do álcool, atinge cerca de 2,5 milhões de vítimas, por ano, no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outrossim, destaca-se a baixa eficiência da educação oferecida aos jovens como impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que a maneira como as famílias educam seus filhos, por vezes, é insuficiente, ocasionando maior influência por parte dos péssimos exemplos ligados à sociedade, evidenciando a importância da educação familiar no processo de escolhas do indivíduo. Ademais, a educação ofertada pelas escolas, que contam com baixo investimento estrutural para incremento da equipe e de suas instalações, torna-a obsoleta em frente à problemática, tangível à educação dos alunos, sobre os malefícios das drogas lícitas. É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem à construção de um mundo melhor. Destarte, o Ministério da Saúde (MS), em parceria com as prefeituras, deve realizar eventos em locais públicos, voltados à checagem dos males já ocasionados pelas drogas lícitas, por meio de “check-ups” menos complexos e gratuitos, influenciando a retomada da vida saudável ao demonstrar os poderes destrutivos dessas drogas. Como já dito pelo pedagogo Paulo freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da educação (MEC) deve instituir, nas escolas, palestras ministradas por psicólogos, que discutam o combate ao uso das drogas lícitas, a fim de que o tecido social se desprenda de certos tabus para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria da caverna de Platão.