Título da redação:

A caminho da filosofia Leibniziana

Tema de redação: Como enfrentar o aumento do consumo de drogas lícitas por adolescentes

Redação enviada em 22/09/2018

No século XVIII, o iluminista Voltaire, em “Cândido ou Otimismo”, promove profunda ruptura com a filosofia romântica de Leibniz ao ironizar a compreensão de que vivia no melhor dos mundos possíveis. Contemporaneamente, no Brasil, o consumo excessivo de drogas lícitas por jovens materializam as ideias protagonizadas pelo francês. Com efeito, compreender e transformar esse cenário que compromete a saúde e a vida dos adolescentes e que é respaldado pela inabilidade estatal e pela compactuação do corpo social mostra-se um afazer de indubitável relevância. A princípio, sob a ótica operacional, vale ressaltar que o consumo exagerado de compostos químicos danosos aos jovens é produto do descaso governamental, haja vista sua displicência em cumprir com seus deveres constitucionais como a garantia da saúde à toda a população. Esse paradigma político constrói-se, sobretudo, em decorrência do cultural fisiologismo das agendas de Governo, que, sistematicamente, secundarizam demandas essenciais para evitar os comportamentos viciosos e prejudiciais da ingestão de bebidas alcoólicas ou do uso da nicotina precocemente, em prol de interesse individuais e voltados ao grande capital. Esse processo detém estreita relação com a teoria de Nicolau Maquiavel, em sua obra O Príncipe, a qual, semelhantemente à realidade contemporânea do país, afirmava que o objetivo do governante era ampliar e perpetuar sua esfera de poder. Desse modo, medidas como a fiscalização de postos que vendem drogas lícitas e bares que vendem bebidas alcoólicas para menores são negligenciadas pelo Poder público, o que contribui para a perpetuação ou mesmo aumento do consumo de substâncias químicas lícitas por jovens vítimas de um governo que não garante o direito de todos. Em uma análise mais profunda, sob o olhar antropológico, o consumo excessivo de drogas lícitas por adolescentes é consubstanciado pela inação da população. A gênese desse fato decorre de uma sociedade que se cala diante de problemas sociais, visto que considera o hábito da ingestão de substâncias químicas precocemente algo normal, sendo preferível manter-se inerte a mobilizar-se e pressionar o governo por mudanças. Essa conjuntura relaciona-se, de maneira análoga, com a premissa defendida por Michel Foucault, de que a contemporaneidade produz corpos dóceis e disciplinados, com intuito de torná-los resignados e, consequentemente, compactuarem e reproduzirem os comportamentos existentes que atendam aos interesses do grande capital. Dessa maneira, como a coletividade não se manifesta contra o uso exagerado de substâncias químicas lícitas por adolescentes, reproduzem-se esses hábitos prejudiciais ao indivíduo, mas que geram lucro para as empresas de bebidas e cigarros, por exemplo. A negligência estatal e a inércia populacional, portanto, fomentam o aumento do consumo de drogas lícitas no Brasil. Para que haja a imprescindível superação desse paradigma, é premente que Poder Executivo insira em suas agendas políticas e econômicas a contratação e treinamento de mais agentes responsáveis pela fiscalização de postos de venda de drogas lícitas, por meio da realização de concursos públicos e com a finalidade de catalogar os lugares que comercializam bebidas alcoólicas para menores e aplicar as devidas multas. Concomitantemente, é inevitável, ainda, que o Governo promova políticas públicas de conscientização populacional acerca da relevância de se combater a ingestão precoce de substâncias químicas lícitas, por intermédio da elaboração de campanhas publicitárias, em mídias tradicionais e alternativas, que levarão ao grande público a complexidade que envolve a aceitação desses hábitos como normais na sociedade. Com isso, todos cidadãos seriam dignificados, e a filosofia romântica de Leibniz poderia, enfim, tornar-se realidade.