Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Como driblar os desafios da liberação do porte de arma

Redação enviada em 26/09/2018

O filme norte-americano “Uma Noite de Crime” retrata as horas de expurgo, nas quais é liberada toda forma de violência, até mesmo assassinato, e todas as armas, inclusive as de fogo. É notório que o Brasil vive momentos de expurgo mascarados e a liberação da posse de armamento iria agravar essa situação. Nesse contexto, deve-se analisar a herança histórico-cultural e o papel do Estado como justificativas para não liberar o porte de armas no Brasil. A princípio, deve-se analisar a herança histórico-cultural baseada na violência. A esse respeito, o antropólogo brasileiro Roberto DaMatta afirma que para entender e solucionar um problema é preciso revisitar e reler o passado. Assim, o processo colonizador violento fundamentado no genocídio indígena e na escravidão negra fundamentou a agressividade na sociedade brasileira, fato que se perpetuou e ganharia mais expressividade com a liberação do porte de armas. Nesse âmbito, o cenário atual é de uma sociedade que ignora os equívocos cometidos em seu processo de formação, colaborando para a existência da resolução dos problemas a partir da brutalidade. Ocorre que significativa parcela da população brasileira ainda não compreende que a posse de armamento não irá solucionar o problema da violência. De outra parte, o Estado deve atuar para que o porte de armas não seja autorizado. Nesse sentido, de acordo com o filósofo John Locke, o homem ao assinar o contrato social com o poder estatal garante o direito de ter a sua propriedade privada zelada, sendo a maior de todas sua vida. Dessa forma, o Estado, e não a população, é obrigado a garantir a segurança e efetivar o contrato. Como resultado, se a sociedade obtiver o direito a portar amas ela regredirá ao estado selvagem que existia no passado, entrando em guerra um contra os outros. Logo, constata-se que em uma sociedade civilizada e sob a tutela do Estado, as armas não podem ser liberadas, deixando o papel da segurança apenas para os poderes responsáveis. Pode-se perceber, portanto, que a liberação do porte de armas não deve ocorrer. Sob esse aspecto, o Ministério da Segurança Pública, em parceria com o da Justiça, e ONGs que defendam os direitos humanos, deve assegurar a proteção da população, defender a ordem jurídica e o regime democrático, por meio da manutenção do Estatuto do Desarmamento, do policiamento mais humanizado e de campanhas educacionais e culturais nos locais que sofrem com a violência, propagando ideais democráticos nos quais se evidencia que a agressividade não se resolverá com mais armas, mas sim com a educação e a equidade de classes, a fim de que se rompa com a herança histórico-cultural violenta e mantenha no Estado o dever da seguridade brasileira. Assim, o expurgo que ocorre no Brasil não irá se perpetuar, diminuindo gradativamente.