Título da redação:

Classes sociais e sua falsa legitimidade

Tema de redação: Classe social: a estrutura para a estabilidade econômica e política de um país.

Redação enviada em 13/10/2015

Segundo o teórico alemão Karl Marx, a sociedade capitalista está dividida em duas classes primordiais: os detentores dos meios de produção, burgueses; e entre aqueles que não os possuem, logo, vendem sua capacidade de trabalho, o proletariado. Com a dissolução da União Soviética, no final da década de 1990, o Capitalismo parece ter triunfado e seus teóricos argumentam que este modelo econômico é o mais perfeito e o que melhor condiz com a natureza humana. Seguindo essa linha de pensamento, as sociedades humanas deveriam resignar-se com as crises econômicas cíclicas inerentes a esse modo de produção, com as desigualdades sociais, com as guerras e com a concentração de renda, a qual, para alguns autores, é ilimitada e tende a aumentar nos próximos anos. Afinal, o homem é competitivo e busca apenas satisfazer seus desejos egoístas, portanto, o modelo econômico reflete a essência humana. Este é, porém, um conceito metafísico para qualificar algo mutável, que é a “natureza humana”, a qual se adapta às condições materiais. Tem-se aí uma relação dialética: ao mesmo tempo em que as condições materiais criam uma sociedade competitiva e individualista, criam-se também ideologias que expliquem esse modo de ser da sociedade e, logo, serão seus alicerces ideológicos de sustentação, criando uma espécie de legitimidade. Tais teóricos, entretanto, ignoram estudos antropológicos e biológicos que comprovam a natural empatia humana e necessidade de socialização. Fatores como a piedade e a organização social foram tão, ou até mais, importantes para a sobrevivência humana quanto a competição. Na sociedade atual, os trabalhadores devem submeter-se às injustiças por medo de não poderem sustentar suas famílias, aceitam baixos salários pela ameaça do desemprego e não por ganho pessoal. Em países ditos desenvolvidos, a experiência de um Estado keynesiano, que garantia o acesso de qualidade à educação, saúde e demais direitos sociais, amainou o ímpeto revolucionário pós crise de 1929 e no pós segunda guerra mundial- medidas estas que ocorreram, sobretudo, devido às pressões dos setores de esquerda. O Estado de bem-estar social, no entanto, não superou as desigualdades sociais, mas as amenizou e tornou melhor a vida da maioria da população, tampouco as lutas de classe foram suprimidas e, sim, institucionalizadas com a ampliação do direito ao voto e exercício da democracia. Nas áreas periféricas, contudo, as desigualdades são obscenas e ferem os direitos humanos básicos. A desigualdade é a base do Capitalismo; o lucro, sua razão de ser, consequentemente, a perpetuidade da divisão social entre burgueses e proletários é a condição, sine qua non, o tornaria impossível. As divisões sociais e a exploração não têm que fazer parte das sociedades humanas. É possível superar o modelo econômico vigente, em busca de um futuro sem desigualdades e determinismos. Para que isso ocorra é necessário o engajamentos, principalmente, do proletariado, mas este encontra-se alienado, então, é obrigação dos setores de esquerda e dos intelectuais trazerem os trabalhadores de volta à luta, provocar o despertar da consciência de classe, uma vez que esta tarefa não seria nunca executada pelo Estado, o qual é o meio pelo qual a burguesia mantém-se dominante.