Título da redação:

Classes: pressupostos para a desigualdade

Tema de redação: Classe social: a estrutura para a estabilidade econômica e política de um país.

Redação enviada em 17/07/2015

O capitalismo é um modelo econômico baseado na acumulação de capital e na meritocracia, onde a valorização do empenho e mérito dos indivíduos muitas vezes torna imperceptível a profunda discrepância inicial de condições financeiras e de oportunidades. Dentro da lógica de ascensão econômica, as classes sociais estruturam a desigualdade e dão continuidade a um sistema que por definição, fracassa em seus objetivos de fornecer condições dignas para todos através da competição entre os próprios indivíduos. Se a estabilidade econômica não existe por conta da desigualdade intrínseca ao sistema capitalista, mantida pela interdependência de classes, a estabilidade política também está longe de ocorrer. A farsa das eleições se faz cada vez mais evidente dentro da democracia indireta, onde os únicos beneficiados são os próprios representantes, que sobrevivem às custas do silêncio imposto pela força policial à classe dos supostamente representados. Sobre farsas e beneficiários, nem mesmo o modelo político/econômico socialista se mostrou exemplar ao longo da história. Tanto a URSS como Cuba são exemplos da obsolescência do modelo representativo, porque mostram um poderio de classe estatal distante das necessidades da população e mantenedor da desigualdade política e cultural. Desta forma, qual seria a possibilidade de resistência perante o cinismo eleitoreiro, que mantém a vã esperança de melhoria dentro de um sistema falido que jamais se aproximou do ideal de igualdade? Como resposta à isso, a política de bem-estar social, entretanto, tampouco se mostra como solução ao problema de classes, porque se à princípio parece progressista e igualitária dentro dos países europeus, só consegue se manter às custas de produtos de baixo custo comprados nos países da África, que a própria Europa num passado recente escravizou. Ora, uma equidade ilusória sem sombra de dúvidas é ainda pior do que a desigualdade evidente, porque conduz a um conformismo com o que é orquestrado e adormece a capacidade empática do ser humano. Não por acaso ouve-se por todo lado a queixa equivocada de que somos seres intrinsecamente egoístas. A partir do exposto, é possível concluir que pouco se discute sobre a necessidade criativa e potente do ser humano. Faz-se necessário pensar na existência da luta de classes como força motriz da mudança social, não por meios eleitoreiros mas por auto-gestão. Diante da nossa característica de sociabilidade, pode-se pensar no desenvolvimento de uma educação libertária, que não se limite à reprodução de conteúdos, que desenvolva o desejo de mudança e que oriente as gerações futuras sobre a necessidade de auto-gestão coletiva e ações diretas. Já em pequena escala, pequenas comunidades podem desenvolver trocas de mercadoria baseadas na disponibilidade e necessidade em oposição ao desejo de lucro, tendo em vista que pequenas ações individuais, quando conjuntas, se refletem na sociedade como um todo.