A civilização sempre foi estratificada em classes sociais, desde as castas na Índia, até a evoluída e flexível democracia. Todavia, até mesmo a democracia tende a ser ofuscada pelas desigualdades sociais, cada vez mais nítidas, e com a crescente conscientização das massas a estabilidade econômica atual está esfriando, anunciando a chegada de um inverno político. Quanto ao papel de conscientização, a internet é um veículo de disseminação de ideias e ideais sem precedentes. Não obstante, desempenhou papel central nas revoluções da "primavera árabe" e nos movimentos "vem pra rua", que acalentou o orgulho nacional como um sol de verão. É importante ressaltar, ainda, que a ferramenta política de engodo "panis et circenses", que há muito funciona como argamassa entre as camadas sociais, perde seu valor diante de uma sociedade crítica e consciente, assim como as folhas caem com a chegada do outono. Até mesmo na utópica sociedade de Huxley, em admirável mundo novo, a "soma" seria insuficiente para manter a unidade do sistema caso todas as verdades fossem reveladas, imagine no nosso "mundinho" de futebol e BBB. Ao fim, o avanço da desigualdade social é reflexo de políticas que favorecem demasiadamente as classes dominantes, e na busca pelo ponto de equilíbrio a sociedade é responsável por exigir que o governo seja de fato do povo, pelo povo e para o povo, concretizando o discurso de Gettysburg, de Lincoln, para tanto, usufruindo de medidas como a lei da ficha limpa, fiscalizando as gestões por meio das contas públicas, demandando que a mídia cumpra seu papel como quarto poder e exigindo que as promotorias de justiça sejam céleres mediante denúncias. Garante-se, assim, a diminuição das desigualdades, e no que tange às sociedades não democráticas que ainda perduram, o mundo gira, e a primavera chega para todos.