Karl Marx, em "O Capital", apresenta-nos a ideia de que todas as relações interpessoais e o conjunto de ideais que as formam são embasadas no meio de produção pelo qual se dão as relações trabalhistas. As classes, historicamente em choque reiterado de interesses, lutam pela melhoria de suas condições e pela ampliação de seus poderes, o que leva a uma ética subjetivista do que é correto a se fazer no campo econômico. A solução à luta de classes está, como nos têm mostrado os países mais bem-sucedidos da contemporaneidade, na junção de um sistema político equânime com um sistema econômico funcional. A funcionalidade de um sistema depende de sua eficácia, o que, por vezes, só pode ser obtido por meio do fomento à competição, o que cria o incentivo para trabalhar. Geralmente, sistemas que pretendem abolir as classes sociais, como o socialismo, acabam por eliminar o incentivo e, na prática, têm de usar o poder de coação estatal para forçar os trabalhadores a cumprirem seu papel social. A limitação da liberdade e a imposição da força por tais sistemas não é desejável, logo o socialismo tem se mostrado um sistema ruim para substituir os problemas de classe desenvolvidos pelo capitalismo - pobreza, enorme desigualdade de renda, consumismo, alienação e insustentabilidade ambiental. Estes problemas, gerados pelo acumulo pontual de capital inato ao sistema capitalista, têm que ser resolvidos de maneira a não eliminar o incentivo ao trabalho, daí a necessidade de redistribuição de renda pelo Estado, por meio de um sistema de tributação eficaz. Partindo desta premissa, países como Dinamarca e Noruega criaram um sistema social-democrata que tem se mostrado eficaz e bem adaptado às necessidades do mundo globalizado. Tal sistema se baseia em um keynesianismo liberal que politicamente opera apenas por meio de tributações e aplicação utilitarista de capital público em bens e serviços comuns, como hospitais, segurança pública, previdência, educação e saneamento básico. Dessa maneira, Dinamarca e Noruega têm figurado entre os países de maior renda per capita, IDH e igualdade econômica, segundo o índice de Gini. Portanto, a partir dos fatos e argumentos supracitados, conclui-se que o caminho para a diminuição da desigualdade de renda se dá pela junção do sistema econômico capitalista a garantias legais a direitos trabalhistas e à diminuição das desigualdades sociais por meio da aplicação efetiva de recursos públicos em bens e serviços essenciais, ou seja, uma social-democracia que crie equidade sem diminuir o incentivo ao trabalho, tornando justa a meritocracia e não se conformando à atual falsa meritocracia formal.