Título da redação:

Primavera dos povos internautas

Tema de redação: Ciberativismo: Ferramenta de protesto ou falso ativismo?

Redação enviada em 08/09/2017

Desde o declínio do feudalismo medieval, as revoluções modernas fazem-se presentes em um número majoritário de nações, externalizando os interesses de massas populares através de manifestações concretas. Por outro lado, o advento da Terceira Revolução Industrial, consolidada durante a Guerra Fria, proporcionou o atrelamento tecnológico entre os novos meios de comunicação e as lutas políticas populacionais, fato esse que proporcionou a catálise da predominância do "ciberativismo", conjunto de reivindicações virtuais, nos processos políticos da contemporaneidade. No entanto, esse fenômeno social tem facilitado a disseminação de boatos pela web e, com o relativo anonimato virtual, torna-se plataforma fértil para a ocorrência de discursos de ódio e injúrias pessoais. Grandemente influenciada por mobilizações de redes sociais, a "Primavera Árabe" promoveu protestos contra governos autoritários do Oriente Médio, consolidando, internacionalmente, o viés politizado exercido por postagens da internet. Em contrapartida, constata-se que, em meio à circulação de notícias e manifestos concisos, o meio virtual permitiu a divulgação de "hoaxes", mensagens sensacionalistas e boatos, que, interligados à vulnerabilidade política vivenciada no Brasil, culminaram no alienamento de considerável parcela da população. Dessa forma, corrobora-se que os boatos da web são consonantes à recorrente citação do ex-ministro alemão Joseph Goebbels, enunciada como: "uma mentira, quando dita mil vezes, acaba por tornar-se verdade." Todavia, o problema se agrava quando grupos e indivíduos com ideologias maculadas pelo radicalismo aproveitam-se do anonimato identitário, acobertado pela internet, para caluniar outros usuários e declarar repulsa a determinados grupos sociais. Isso ocorre, devido à quase escassez de legislações punidoras de transgressões especificamente decorridas em âmbito virtual, configurando um fenômeno nomeado por Émile Durkheim como "Anomia Social", onde contextos socialmente inconsistentes permitem a violação de leis e direitos devido à indiferença dos mecanismos coercitivos do Estado, fato esse que resulta na corrupção da índole de internautas extremistas acobertados e disfarçados de "ciberativistas". Aspirando, portanto, à parcimônia nas reivindicações virtuais e à diminuição do número de boatos sociais e políticos, cabe ao poder legislativo federal a votação de uma PEC, Proposta de Emenda Constitucional, que enquadre os delitos cometidos pela internet como crimes específicos e passíveis de elevar o tempo de retenção penal do transgressor. Ademais, convém às secretarias públicas municipais realizar visitas periódicas em domicílios familiares de maneira a instruir acerca da prudência e da criticidade necessárias durante o repasse de notícias pela web, evitando o espalhamento de "hoaxes". Destarte, tal como na "Primavera dos Povos" da Europa do século XIX, as revoluções se darão de maneira eficaz e, adicionalmente, com o auxílio hodierno das novas tecnologias.