Título da redação:

O mundo real ainda não é feito por bytes

Tema de redação: Ciberativismo: Ferramenta de protesto ou falso ativismo?

Redação enviada em 23/07/2016

O desenvolvimento tecnológico propiciou a formação de uma sociedade interligada, conectada através da internet e dos smartphones. Desde então, a interação entre os indivíduos tem aumentado, principalmente, pelo surgimento das redes sociais. Assim, um dos efeitos dessa nova estrutura foi facilitar a exposição de ideias e opiniões e, sobretudo, dar maior projeção a esses temas afim de solucioná-los. Logo, as grandes manifestações da atualidade foram sustentadas pela ação das redes o que vem sendo chamado de ciberativismo. A princípio, é válido ressaltar que essa nova configuração trouxe inúmeros benefícios para a sociedade, principalmente, no que se refere a direitos e deveres. Haja visto, a atuação das mídias sociais na Primavera Árabe de 2011, na qual a população civil fez o uso da internet para divulgar a realidade vivida em países, como o Egito e a Tunísia, que estavam sob governos ditatoriais. Já no Brasil, em 2013, por caminhos semelhantes uma multidão ganhou as ruas em protesto ao aumento da tarifa sobre o transporte coletivo. Nesse ínterim, as mídias virtuais se consolidaram como o meio mais democrático, por dar protagonismo ao corpo social, e mais eficaz, pelo seu grande poder de alcance. Em vista disso, é crescente o ativismo por meios online, através de campanhas publicitárias, grupos de discussão, abaixo-assinados, petições, entre outros. Porém, a facilidade proporcionada pela internet pode gerar uma sociedade acomodada, que se contenta e acredita que é viável realizar transformações sem sair da frente do computador. Entretanto, a ação virtual não surte resultados sem a mobilização efetiva no mundo concreto. Visto que todas as mobilizações sociais que tiveram sucesso foram por meio da participação real, seja nas ruas, nas grandes avenidas ou em praças públicas. Ademais, para o sociólogo Zygmunt Bauman essa tendência individualista e cômoda das pessoas na web se dá pela inabilidade do diálogo e pela insistente fuga de confrontos por ideias contrárias encontradas no mundo palpável. Essa percepção posiciona a internet como um refúgio egocêntrico dos indivíduos. Fica claro, portanto, que as redes sociais são de extrema importância na expressão dos anseios civis, contudo, perde o efeito se utilizada isoladamente da realidade. Logo, cabe a sociedade e as organizações não-governamentais, por meio de campanhas virtuais e de outras mídias estimular a interação concreta entre os contatos do ambiente online. Alia-se a isso, a atuação das instituições de ensino que devem estimular o pensamento crítico e expor o papel que as atitudes em rede podem ter na conquista de melhorias coletivas, caso atuem também no mundo tangível. Ainda não é o momento de dar as costas para o mundo real.