Título da redação:

A incolumidade da era tecnológica

Tema de redação: Ciberativismo: Ferramenta de protesto ou falso ativismo?

Redação enviada em 26/09/2016

A relação entre o ciberativismo e o crescente sedentarismo social apresenta uma faceta histórica ligada à ascensão da era tecnológica. Com a premissa de que redes sociais são as únicas ferramentas de protesto, desenvolveu-se um comportamento obsoleto alicerçado na agrura de ativistas interessados em reivindicações reais e no regozijo de indivíduos que mascaram suas opiniões através de perfis online, observados de forma incólume na sociedade do século XXI. Desde a Antiguidade, o ativismo ocorre para que ideais sejam defendidos e reivindicações sejam realizadas. Durante o Regime Militar brasileiro, artistas como Chico Buarque, por exemplo, manifestaram-se contra a censura imposta na época através de canções críticas, tais como a composição “Cálice”. No século XX, movimentos sociais na África do Sul ocorreram com o objetivo de findar o regime segregacionista do Apartheid. Tais manifestações representam a “voz” da população, pois mobilizações sociais são essenciais para a construção de nações igualitárias. Contudo, proliferou-se, no século XXI, um ideal arcaico por meio da ascensão da era tecnológica e a consequente popularidade das redes sociais, sendo estes os principais algozes do ativismo. Tal ideal consiste no sedentarismo, já que há a manifestação de opiniões sem que haja, de fato, uma mobilização real em petições ou nas ruas. O ciberativismo, assim, manifesta-se por meio de reivindicações digitais, o qual internautas expressam suas opiniões abertamente, negligenciando, diversas vezes, a opinião alheia, ocasionando uma alienação social atrelada ao individualismo, reduzindo o respeito e a diversidade de discussões. Ademais, o ciberativismo permite que perfis falsos disseminem discursos de ódio e criem “máscaras” virtuais, visto que a identidade do usuário é preservada. Há, atualmente, reivindicações efetivas que se propagam com o ciberativismo, como o movimento feminista e a união de estudantes em prol de melhorias nas escolas do país; todavia, o falso ativismo ainda é difundido, proliferando um sentimento de incerteza em ativistas que buscam mobilizações populares em prol de um objetivo. É necessário, pois, fomentar uma conjuntura social com respeito e parcimônia. Destarte, é essencial que o Poder Legislativo formule leis que favoreçam o ciberativismo, como a identificação de perfis falsos, com o auxílio das empresas responsáveis pelo funcionamento das redes sociais, e a consequente exclusão destes. O Governo deve investir, juntamente com o Ministério da Cultura, em programas que incentivem o ativismo, tais como eventos em municípios que agreguem a cultura e o debate, assim como palestras destinadas à discussão de diversos temas. Por fim, ONGs devem realizar campanhas institucionais que reforcem a real função do ativismo através das redes sociais, com grupos online de debates, cessando, paulatinamente, a incolumidade do falso ciberativismo do século XXI.