Título da redação:

A efemeridade da internet e os movimentos revolucionários

Tema de redação: Ciberativismo: Ferramenta de protesto ou falso ativismo?

Redação enviada em 24/08/2016

As grandes revoluções que aconteceram na história mundial foram iniciadas pelo povo nas ruas e somente depois foram passadas para o âmbito político. Assim ocorreu na Revolução Francesa e na Primavera dos povos, dois grandes exemplos de manifestações contemporâneas revolucionárias. No século XIX, as mobilizações encontravam em panfletos e jornais a melhor forma de se organizarem e agora, no século XXI, os movimentos sociais viram a internet como um jeito mais efetivo de se reivindicar e organizar. Embora seja uma forma de atingir um maior número de pessoas em um curto período, a internet é um meio efêmero, onde as ideias se transformam de maneira muito veloz e perdem a sua força. Em Junho de 2013 grandes manifestações populares tomaram as ruas brasileiras e mostraram o poder de alcanço que a internet possui, entretanto rapidamente mostrou a fragilidade deste meio. Os movimentos organizadores das passeatas mostravam-se sem um objetivo em comum, o que enfraquecia todo o levante: enquanto uns grupos manifestavam contra o aumento no valor das passagens do transporte público outros levantavam as vozes contra a corrupção. A falta de coesão entre os princípios fez o protesto se esfarelar, chegando ao fim sem ter alcançado um objetivo sequer. O constante avanço tecnológico permite que a difusão de informações e a conexão entre as pessoas através da internet tornem-se cada vez mais rápida, contribuindo para que as ideias se expirem de maneira muito veloz e imprevisível. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, coloca esse evento como uma das características da modernidade liquida, dada no tempo presente, baseada na fluidez e na volatilidade de ideias e também nas relações interpessoais. Apesar de conseguir envolver uma grande quantidade de pessoas, a internet não ajuda de forma eficaz o ativismo. As ideias não se firmam por conta da rápida maneira em que fluem, dificultando a solidificação de movimentos que clamam por mudanças. Isso mostra que, ainda hoje, apesar de todo o aparato tecnológico, a melhor maneira ainda de se fazer revoluções é através dos movimentos diretos, sem a intervenção de um meio volátil, com a organização de comícios e debates, sempre fazendo ocorrer muitos debates.