De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que o organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Conquanto, no Brasil, isso é subaproveitado, pois em pleno século XXI a educação ainda não é tratada como prioridade. Nessa perspectiva, esses desafios devem ser superados de imediato para que uma sociedade integrada seja alcançada. Mormente, a ausência de igualdade para o acesso e permanência na escola burla preceitos constitucionais. Diante de tal contexto, a Constituição Brasileira promulgada em 1988, após duas décadas da Ditadura Militar, transformou a visão dos cidadãos perante seus direitos e deveres. Todavia, após 30 anos de sua divulgação, a direito à educação de qualidade de diversos indivíduos permanece impraticável. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, quase 12 milhões de brasileiros são analfabetos. À vista de tal preceito, os investimentos e incentivos escassos na educação configura-se como uma chaga social que demanda imediata resolução, haja vista que fere os direitos básicos dos indivíduos. Faz-se mister, ainda, salientar que a educação é o fator principal no desenvolvimento de um País. Hodiernamente, ocupando a nona posição na economia mundial, seria racional acreditar que o Brasil possui um sistema público de ensino eficiente. Contudo, a realidade é justamente o oposto e o resultado desse contraste é claramente refletido no sucateamento das escolas e o desestímulo dos professores e alunos. Segundo dados do IBGE, os baixos salários não atraem bons profissionais para a docência. Diante do exposto, gera como resultado desigualdade na educação e alto índice de evasão escolar. Infere-se, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem à construção de um mundo melhor. Dessa maneira, para que o Brasil seja mais articulado como um “corpo biológico” cabe aos Governos Estaduais aumentar em ao menos 10% o piso salarial dos professores ou, ainda, oferecer maiores benefícios para essa classe, como vale-alimentação e plano de saúde para que, assim, a docência atraia profissionais mais qualificados. Passa a ser função também dos pais a valorização do conhecimento e da leitura. Para isso, os responsáveis devem destinar algumas horas diárias para a leitura com os filhos, a fim de, além de reforçar o vínculo parental, estimular a imaginação, o pensamento crítico e o letramento. Por fim, cabe às escolas a abertura de espaço para as chamadas “aulas de fenômeno”, como ocorre na Finlândia. O objetivo principal é reunir assuntos da atualidade com interdisciplinaridade, mediante auxílio dos professores de diversas áreas, visto que, quando o que se estuda está no dia-a-dia, o aprendizado torna-se mais prazeroso e concreto. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação”.