O Brasil, juntamente com os países que compõem a Organização das Nações Unidas (ONU), iniciou o século XXI com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Tais objetivos deveriam ser cumpridos até o ano de 2015 e, entre eles, estava a meta de atingir o ensino básico universal. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no Brasil houve aumento no número de jovens entre 15 e 24 anos que tiveram oportunidade de completar um curso primário, de 59,9% em 1990 para 84% em 2012. No entanto, até 2015 a universalização no ensino primário não havia sido alcançada. Em primeiro plano, devido às condições atuais da educação no país, é questionável se realmente houve diminuição no número de analfabetos ou aumento de analfabetos funcionais, aqueles que sabem ler textos simples, mas não os compreendem. A educação no Brasil encontra-se deficitária por diversas causas e, uma das principais é a condição de trabalho dos professores. Com salários baixos, estes são obrigados a trabalhar em mais turnos para obter uma renda melhor e assim conseguir sobreviver dignamente. Porém, com o elevado tempo de trabalho, os professores têm menos horas semanais para se dedicarem a outras tarefas, como cursos especializantes e preparo de atividades diversas para enriquecer suas aulas. Além disso, o tempo para o lazer também é reduzido, o que pode gerar um cansaço e estresse que diminuem o rendimento do professor. Portanto, o que é repassado aos alunos não é tão rico de conhecimentos como poderia ser se os educadores tivessem melhores condições de trabalho. Outros aspectos que devem ser apontados são a falta de informação e a necessidade do trabalho que retiram crianças e jovens das escolas. Tais fatos acontecem em todo o Brasil, contudo é mais expressante em zonas rurais. Tanto a pouca consciência de que é o estudo que pode melhorar as condições de vida de um indivíduo quanto a inevitabilidade do trabalho para ajudar a complementar a renda familiar, acabam dificultando que a meta de universalização do ensino básico seja cumprida. Ambos aspectos devem ser combatidos com maior divulgação do ensino gratuito e sua relevância, melhoria das condições de vida da classe baixa e conscientização dos responsáveis sobre os direitos da criança e do adolescente. Ademais, a melhoria das condições físicas das escolas nas zonas rurais, juntamente com a disponibilização de uniformes gratuitos e alimentação de melhor qualidade, também seria um atrativo tanto para professores quanto para alunos. Em vista disso, o aumento no número de cidadãos com acesso à educação básica seria mais expressivo. Nesse sentido, faz-se necessário que os Governos Federal e Estaduais invistam mais no setor educacional. Deve-se aumentar o salário dos educadores, melhorar as estruturas físicas das escolas municipais, estaduais e federais, fornecer gratuitamente os uniformes, oferecer alimentação de qualidade em todas as escolas, aumentar as campanhas contra o trabalho infantil e diminuir os impostos para a população da classe baixa como ação afirmativa. Além disso, as próprias escolas, em parceria com Organizações Não Governamentais (ONGs), devem visitar zonas carentes para mostrar a importância e necessidade da educação. Assim, será possível garantir que o Brasil é uma pátria educadora.