Título da redação:

Brasil e os desafios das imigrações.

Tema de redação: Brasil: o destino dos sonhos.

Redação enviada em 11/04/2015

Os fluxos migratórios são um fenômeno mundial, motivados por causas variadas: econômicas, políticas e religiosas. A partir do ano 2000, os movimentos de imigração atingiram o maior nível da história. Conforme estudo realizado pela OIM, os imigrantes já são 3% da população mundial, porquanto em um mundo no qual a capacidade de deslocamento é maior, a migração se transforma em uma possibilidade de acesso a bens, direitos e qualidade de vida para um número cada vez maior de indivíduos. Na última década, o Brasil passou a despontar como um destino atrativo para milhares de pessoas. Portanto, é imperativo analisar os fatores que motivam a vinda dos imigrantes e a capacidade de absorção com qualidade por parte da sociedade brasileira. Sob esse enfoque, no território brasileiro, o fator que exerce maior influência nos fluxos migratórios é o de ordem econômica. Sendo assim, nos últimos dez anos, o significativo crescimento da economia brasileira, em especial, o baixo índice de desemprego e a busca por mão de obra têm atraído imigrantes do mundo todo. Por exemplo, europeus, asiáticos, latino-americanos e africanos por intermédio das oportunidades de nosso país visam à ascensão social, pois, muitas vezes, seus países de origem estão vivenciando um quadro econômico negativo. Além disso, a aparente tolerância do brasileiro quanto a questões de diversidade cultural, racial e religiosa corrobora a vinda de pessoas que precisam de perspectivas de futuro próspero. Portanto, o fato de a política de imigração do país ser mais liberal representa uma atitude diplomática positiva se existir uma legislação eficiente, não só respaldada na flexibilização da entrada, mas também na fiscalização durante todo o processo de inclusão social dos indivíduos, porquanto eles trarão novas formas de relacionamento e novos valores, os quais devem dialogar de forma construtiva com a cultura local na qual se inserem. Não obstante, o fenômeno de imigrações é irregular no Brasil e, por conseguinte, o nosso país não tem uma cultura de imigração sólida. Desse modo, tais fatores prejudicam, indubitavelmente, a inserção plena dos estrangeiros. Por exemplo, a crescente demanda por mão de obra no país tem exposto imigrantes de várias nacionalidades a condições de trabalho análogas às da escravidão: servidão por dívida, jornadas exaustivas e condições laborais degradantes. Esse é o caso da indústria têxtil, a qual, há décadas, vem substituindo funcionários de longa carreira por mão de obra precária e informal. Sendo assim, para reduzirem seus custos, as confecções contratadas por grandes marcas terceirizam parte de sua produção por meio das oficinas de costura, as quais são na maioria das vezes ilegais. Ademais, são recorrentes casos de preconceito contra imigrantes nas comunidades que os recebem, até mesmo quando eles vêm fazer os trabalhos que grande parte da população brasileira não quer executar mais, como, por exemplo, atividades domésticas e construção civil, evidenciando-se a importância da implementação de políticas públicas para a adaptação desses indivíduos. Em síntese, é imprescindível a edição de uma Lei de Migrações efetiva, pautada nos direitos humanos e coerente com a dinâmica das imigrações da atualidade. Dessa forma, ela deve contemplar inclusive situações que preocupam e demandam particular atenção, como, por exemplo, as vítimas de trabalho escravo ou degradante, assim como os migrantes em situação irregular. Além disso, é mister a atuação do Estado no reconhecimento dos valores culturais dos imigrantes, pois o preconceito, sem dúvida, também dificulta a transposição das barreiras encontradas por eles. Portanto, as políticas de imigração devem ser coesas não só com as necessidades daqueles que precisam de ajuda, mas também com as condições do país em auxiliá-los. Do mesmo modo, a comunidade deve ser ouvida e precisa colaborar.