''A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede''. Com tais palavras, Carlos Drummond de Andrade, resumiu o cenário da prática da leitura no Brasil. No entanto, para não generalizar, é necessário uma análise do real motivo pelo qual a população não possui esse incrível hábito. Em primeiro plano, deve-se notar que a leitura só oferece benefícios para a saúde mental e comportamental do praticante. Crianças que entram em contato com a leitura desde cedo são alfabetizadas mais facilmente, pronunciam melhor as palavras e se comunicam de maneira mais espontânea. Ao crescerem, então, se tornam indivíduos criativos, dotados de boa cultura e com senso crítico. Desse modo, constata-se que ler colabora para a construção de pessoas conscientizadas e engajadas. Por outro lado, o hábito da leitura é um gargalo em nosso país. Segundo a Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio), cerca de 70% dos brasileiros não leram nenhum livro em 2014. Apesar de alarmante, o dado não surpreende: as instituições de ensino priorizam o rígido conteúdo escolar, no qual a literatura possui um inexpressivo espaço; essa postura caracteriza a falta de preocupação na formação moral dos jovens e aumenta a parcela de analfabetos funcionais -aqueles que não interpretam o que leem. Ademais, a ausência de pais leitores reforça a ideia, no imaginário infantil, de que ler é uma obrigação escolar. Tudo isso comprova que a falta de incentivo é a principal causa da aversão do brasileiro pela leitura. Torna-se evidente, portanto, que é necessário instigar a prática da leitura em nosso país. O governo deve construir bibliotecas em todas as escolas, cumprindo a lei federal 12.244/10, as escolas devem ampliar o tempo das disciplinas que exigem dos alunos uma maior atenção e interpretação dos fatos, como Literatura, Filosofia e História. Por fim, os pais podem estipular um dia da semana para uma leitura em família, a fim de iniciar a prática dentro de casa. Quem sabe, dessa forma, consigamos estimular a sede pela leitura na nossa sociedade, enchendo de orgulho o mais influente poeta brasileiro do século XX, Carlos Drummond de Andrade.