Em Fahrenheit 451, do autor Ray Bradbury, a sociedade passou a rejeitar os livros, preferindo a televisão e o rádio como fontes de informação e entretenimento, o que resultou numa perseguição às obras literárias, dadas como subversivas. Mesmo não tendo chegado ao nível daquele livro, há, no Brasil, pouco interesse das pessoas por leitura devido à falta de incentivo, que gera problemas no âmbito individual e que, por consequência, refletem no social. O hábito de ler possibilita o aprimoramento da escrita, a ampliação vocabular, a capacidade de interpretar uma informação criticamente e o desenvolvimento da habilidade argumentativa. Essas características são importantes no âmbito profissional, tendo em vista que formam um alfabetizado pleno. O que ocorre com frequência, no entanto, são os analfabetos funcionais: pessoas que não desenvolveram completamente aquelas habilidades. No Brasil, segundo o INAF, 27% da população adulta, sendo que 38% estão em universidades, são analfabetos funcionais. Isto aumenta a alienação dos cidadãos, uma vez que a informação é transmitida a ele e aceita como verdade, dado que não é capaz de analisar, criticar e constituir uma ideia própria. A sociedade é resultado de interações sociais, o que depende da empatia e da ética. A leitura auxilia nesse processo à medida que o leitor é exposto à situações, personagens e histórias que a vida real não consegue. Por exemplo, em 2014, cientistas de universidades europeias fizeram um experimento com jovens leitores ou não de "Harry Potter", questionando-os em relação aos imigrantes, refugiados e à população LGBT. Os que leram o livro foram mais tolerantes com aqueles grupos do que os alunos que não leram. Dessa forma, o convívio social dos adolescentes leitores será melhor e sua atuação para uma comunidade mais igualitária e tolerante, maior. Portanto, é necessário investimento na educação brasileira, uma vez que é na escola onde inicia o processo de intelectualização do aluno, benéfico tanto na formação profissional como pessoal, e que terá resultado na vida em sociedade. O Ministério da Educação e da Cultura devem criar um projeto com canais do literários do YouTube – como o “Literature-se”– e também com profissionais das ciências humanas. Essas campanhas devem ter palestras, resenhas de obras e propagandas que sejam veiculadas nos meios de comunicação e que sejam adaptadas às fases humanas - infantil, adolescente e adulta. As escolas deverão utilizar esse projeto com os alunos a fim de estimular a leitura e desenvolver debates. Trabalhos em grupo precisam ser estimulados como forma de observar as relações dos jovens com os colegas de classe. Com essas medidas, o Brasil se distanciará da realidade de RayBradbury.