Uma parte da sociedade se põe contra as ações afirmativas por acreditar ser contraditório propor cotas a fim de diminuir a discriminação. Os paradoxos vistos como problemas para a maioria, segundo Karl Marx são agentes de mudança. A partir desta última perspectiva, é possível que a introdução do sistema de cotas sirva a curto prazo para democratizar o acesso às universidades e, simultaneamente, demonstre a urgência de uma revolução na educação de base. Não é novidade a decadência do sistema de ensino brasileiro, principalmente, nas escolas públicas. Em várias dessas instituições os professores são mal pagos, desvalorizados; as estruturas físicas são ruins, falta quadro, merenda etc. Educar e ser educado em um ambiente tão precário produz diversas consequências à sociedade - aumento da criminalidade juvenil, desinteresse escolar, alienação política - e, obviamente, cria um abismo entre os estudantes de distintas classes sociais. Contudo, infelizmente, segundo uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), demoraria por volta de 50 anos para a educação de base tornar-se qualificada. Ao analisar os dados relativos aos número de pessoas as quais continuariam à margem em relação ao ensino superior durante esse período, é possível entender a necessidade de uma medida inclusiva controversa, todavia eficiente por minimizar a diferença de acesso às universidades entre pobres e ricos. Portanto, cabe aos governos federal e estaduais iniciar um debate com os estudantes, professores e outros profissionais da área educativa a fim de entender as necessidades do ensino básico e de criar um projeto revolucionário de ensino, o qual valorize os professores, qualifique o ambiente escolar e torne desnecessário no futuro a aplicação de ações afirmativas.