Título da redação:

Inclusão e progresso

Tema de redação: As políticas públicas de incentivo à educação superior no contexto nacional

Redação enviada em 20/06/2018

As políticas afirmativas, que trabalham contra a exclusão social têm, nos últimos anos, cumprido um papel fundamental no que se refere à integração dos negros, pardos, indígenas e demais classes segregadas. Decerto, esse incentivo tem nos distanciado um pouco mais da desigualdade arraigada em nossa estrutura social. Desse modo, é inegável que as políticas públicas são justas, tendo em vista que em nosso histórico cultural os grupos favorecidos pelas cotas são exatamente aqueles que sofreram e ainda sofrem marcas que impedem a inserção social, educacional e profissional. Primeiramente, é importante considerar que durante o Brasil colonial a exploração de riquezas somente foi possível devido à mão de obra escrava, sendo imposto aos negros um regime de trabalho em condições precárias, de modo exaustivo e atroz. Com efeito, isso ainda reverbera nos dias de hoje, pois devido às cicatrizes deixadas pela escravidão, os negros ainda são vistos como indivíduos subalternos e marginalizados, ao passo que, os brancos são bem aceitos e têm acesso a maiores oportunidades. Nesse sentido, cumpre questionar a diferença considerável entre brancos que já passaram pelo ensino superior em contraste com negros, pardos e índios. São esses mesmos grupos, inclusive, que possuem renda inferior a 1,5 salário mínimo, e igualmente não tiveram base educacional a nível de ingressar livremente em uma universidade. A educação, entretanto, não é igualitária para todos e seria utópico pensar que nos próximos anos as ações afirmativas irão anular definitivamente a desigualdade, pois o preconceito racial está mais enraizado e latente do que se é capaz de mensurar. Fato é que, dada a educação débil oferecida a esses grupos, torna-se árdua também a entrada ao mercado de trabalho. Por outro lado, ainda que haja qualificação, a empresa contratante inclina-se a descartar pelo tom de pele, o que, por sua vez, leva-nos a entender o motivo pelo qual vemos uma maior parte dessas classes como vendedores ambulantes nas ruas, esforçando-se como podem. Nessa perspectiva, as ações afirmativas embora não eliminem a desigualdade, possuem um caráter progressivo para inclusão das "minorias" nas universidades. Afinal, não só é capaz de promover um confronto a nossa herança escravocrata, como também pode aumentar a integração desses grupos em todas as esferas sociais. Contudo, essas políticas não devem ser engendradas somente pelo Governo Federal em escolas e universidades, mas também por empresas contratantes no mercado de trabalho. A mídia, por sua vez, deve reiterar a importância das cotas, a fim de derrubar achismos aquém da realidade histórica. E, de mesmo modo, as ONG's podem promover campanhas e palestras no intuito de conscientizar, pois nunca é demais rever-nos para que despercebidamente não sejamos levados pelos efeitos de nossas raízes culturais que desumanizam até os dias de hoje.