Título da redação:

Amargas raízes, doces frutos

Tema de redação: As políticas públicas de incentivo à educação superior no contexto nacional

Redação enviada em 08/07/2016

A partir do século XIX, com o surgimento da Revolução Francesa, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade foram bem disseminados pelo mundo, e o racionalismo e a valorização do conhecimento são consequências diretas desse processo. Diante disso, o incentivo à educação, historicamente, é alvo do Estado e da sociedade civil, uma vez que ela confere evolução social e atenuação das desigualdades. Nessa perspectiva, é válido analisar a viabilidade das políticas públicas voltadas a esse panorama e como isso contribui para um futuro mais justo e igualitário. É importante salientar que o acesso pleno ao ensino superior ainda é uma conjuntura difícil e distante. Prova disso está no fato das universidades, sobretudo em cursos concorridos, como medicina e engenharia, possuírem estudantes, em sua maioria, brancos ou pardos e com condições econômicas satisfatórias, apesar de não representarem a maioria nacional. Certa vez, Aluísio de Azevedo, em O Cortiço, sob a óptica naturalista, narrou e descreveu a forte influência do ambiente sobre o indivíduo, e como esse processo estrutura um panorama social de desigualdade e negligência. Em analogia, é impróprio afirmar, muitas vezes, que um jovem negro, subnutrido e periférico possui as mesmas condições educacionais que outro branco, alimentado e abastado, um contexto preocupante e emergencial. Desse modo, observa-se que o Brasil, estruturalmente, é desigual, em que seus habitantes não gozam das mesmas oportunidades de progresso socioeconômico. Com efeito, as políticas públicas de incentivo à educação superior atenuam as disparidades históricas entre os segmentos civis, uma vez que auxiliam estudantes das mais diversas camadas a se qualificarem profissionalmente. Cotas, financiamento estudantil e suporte econômico são alguns dos necessários exemplos que ajudam brasileiros marginalizados a ingressarem em universidades públicas e privadas, democratizando o ambiente educacional. Em consequência, o país dispõe de uma sociedade mais justa e especializada, uma vez que a mão de obra qualificada torna-se geral e evita fenômenos prejudiciais, como crises financeiras e fuga de cérebros. Conforme ilustra a teoria materialista de Karl Marx, a sociedade é produto das circunstâncias e da educação. Assim, que através do conhecimento, o Brasil perca a sua antiga estrutura de Bruzundanga. Entende-se, portanto, que o histórico de desigualdades brasileiro ainda permeia o campo educacional e impede o acesso democrático ao ensino universitário. Por isso, a fim de garantir direitos essenciais, ao Governo Federal, aliado ao Ministério da Educação, cabe manter a aperfeiçoar as atuais políticas públicas voltadas à educação, colocando-as como primordiais e invioláveis à pauta e ao orçamento do Estado em longo prazo. Ademais, às escolas e às famílias cabe o papel sinérgico de formar uma juventude informada e engajada acerca da relevância da Educação Superior, bem como da necessidade de reivindicação de diretrizes sociais e políticas, por intermédio de psicólogos e palestrantes. Afinal, como afirmava Aristóteles: “A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces”.