Segundo a teoria da seleção natural, de Charles Darwin, apenas os seres mais adaptados sobrevivem a determinadas variações do ambiente. De maneira análoga à teoria biológica, as novas configurações do mercado de trabalho, devido a sucessivas crises e ao desenvolvimento tecnológico, impõem à sociedade a necessidade de adaptação quanto a atual realidade do país, fazendo-a recorrer ao empreendedorismo ou ao desenvolvimento de novas habilidades que proporcione maiores possibilidades de contratação pelas empresas. Sendo assim, convém analisar os impactos de tais configurações para a sociedade. Em primeira análise, cabe pontuar que em meio aos altos índices de desemprego, o trabalhador vê a necessidade de buscar formas alternativas de obter sua renda e, em muitos casos, encontra no empreendedorismo tal oportunidade. Comprova-se isso por meio de dados do SEBRAE, em que é possível notar que cerca de 11 milhões de empresas foram abertas nos últimos anos no Brasil, estatística essa que já foi menor em anos anteriores à crise. Todavia, abrir o próprio negócio não é garantia de sucesso, uma vez que, também segundo o SEBRAE, 23% das empresas fecham as portas nos primeiros 2 anos, seja por falta de planejamento ou desconhecimento do empresário acerca de formas eficientes de gerir o seu negócio. Dessa forma, nota-se que há a necessidade atenuar tal problema. Ademais, convém frisar que o mercado de trabalho encontra-se mais competitivo, haja vista que, na atual situação econômica, há menos ofertas de emprego para a população, em especial aos que não possuem uma qualificação. Com isso, percebe-se que para aumentar suas possibilidades de inserção no mercado, o candidato deve adquirir novas habilidades por meio de cursos em áreas específicas. Consoante o pensamento de Zygmunt Bauman, de que a sociedade contemporânea encontra-se emergida no individualismo, na “fluidez” e na efemeridade de relações, vê-se que a conquista de uma “solidez” no mercado de trabalho tornou-se inviável em tempos de constante mudança e transformação. Desse modo, observa-se que há a indispensabilidade de se criar projetos que contribuam com a formação profissional dos cidadãos brasileiros, principalmente os de baixa renda. Destarte, indubitavelmente, medidas são necessárias para adaptar a sociedade às novas configurações do mercado de trabalho. É imprescindível que o Governo Federal, em conjunto com o Ministério da Educação, crie projetos de qualificação profissional nas escolas que visem atingir toda a população, com o objetivo de oferecer cursos gratuitos em diversas áreas como informática, gestão empresarial e idiomas, por intermédio de parcerias com o setor privado de educação, com o propósito de que o tecido social, enfim, adquira as competências necessárias para sobreviver à “liquidez” existente no setor produtivo hodierno.