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Redação sem título.

Tema de redação: As mídias sociais como impulsionadoras da busca pela perfeição

Redação enviada em 13/09/2018

A busca pela perfeição sempre permeou a humanidade. Seja no período clássico, com a busca pelas formas perfeitas dos gregos, seja na Era Medieval, com a ideia de uma vida imaculada. No século XXI, as redes sociais parecem ter dominado o meio pelo qual dita-se os novos padrões a serem seguidos. Facebook. Instagram. Youtube. Sua variedade é tão expressiva quanto o número de seus usuários. Sua zona de influência transborda os limites da comunicação, e no apogeu de sua complexidade, transforma as relações intersubjetivas e até a própria relação do indivíduo o eu. Em um mundo dominado pelas telas e pela imagem, vale questionar quais os impactos que tal dinâmica gera no ethos contemporâneo na busca pelo ideal. Primeiramente, deve-se compreender a importância e a forma com que as redes sociais expõem seus usuários. Para muito além de conectar amigos ou consumir passivamente um produto midiático, as redes sociais passaram a ser uma nova forma de inserir-se no mundo. Os avatares são cada vez mais parte de quem se é, apresentando-se como uma maneira de expor-se para um público indiscriminado de pessoas. Nessa vitrine moderna, o novo produto a ser exposto é o próprio usuário, que ao selecionar cuidadosamente as partes de sua vida que parecem ser mais atrativas para os consumidores, qual sejam, os outros, cria uma realidade editada, palatável ao olhar alheio. Porém, esses influenciadores digitais, como o próprio nome sugere, influenciam um grande número de pessoas, que passam a comparar suas vidas com aquilo compartilhado na rede, ou seja, com uma ideia de vida perfeita não factível com a realidade não só das pessoas em geral, mas como a do próprio indivíduo que a disseminou. Isto é, um estilo de vida factóide tem servido como modelo de aspiração para um grande contingente populacional. Nesse ínterim, apesar de não se mensurar com precisão os efeitos que tal dinâmica terá a longo prazo na sociedade, alguns indícios já podem ser observados. Na obra "Sociedade do Cansaço" o filósofo coreano Byung Chul-Han aponta como a sociedade do século XXI foi impregnada como a ideia do "sim, nós podemos", a qual todos são capazes de tudo, em que só não alcança a perfeição aquele que não se esforça o bastante ou aquele que não a aspira tanto assim, quer dizer, o sucesso tornou-se quase um imperativo. Esse sucesso é referente a uma carreira, um corpo, um estilo de vida, enfim, todos os aspectos que compõe a existência humana. Tais padrões circulam hoje em dia, majoritariamente, nas redes sociais, que devido à sua falta de intermédio entre público e privado, espectador e comunicante, cria a falsa sensação de democratização da possibilidade de ser perfeito. Nessa lógica de esforço ilimitado, emergem patologias modernas como a síndrome de burnout, vigorexia, surtos de ansiedade, entre outros. Porém, atribuir as redes sociais única e exclusivamente a culpa desse novo cenário é uma postura simplista diante de uma sociedade complexa ainda em assimilação dessa nova maneira de viver e se identificar. Infere-se, portanto, que apesar da busca pela perfeição datar da história do homem, as redes sociais são sua nova vitrine no mundo contemporâneo. Entretanto, a perfeição inalcançável confundiu-se com o plenamente possível, gerando uma série de problemas comportamentais na sociedade. A fim de controlar os danos desses impactos e adequar o olhar para seu entendimento, faz-se mister que Ministério da Educação introduza nas escolas, em período escolar adequado, a disciplina de educação às novas mídias, abordando seus impactos não só no limite da Comunicação, mas como também na formação identitária desses jovens, mais suscetíveis à necessidade de aprovação. Dessa forma, reconhece-se institucionalmente a força que esses novos meios possuem, e cria-se um espaço de diálogo que expõe uma realidade em que erros e imperfeições são aceitas e celebradas. Assim, estar-se-á mais próximo de uma sociedade menos cansada de si mesma em sua eterna busca pelo inatingível.