Título da redação:

O corpo cativo na sociedade das imagens

Tema de redação: As mídias sociais como impulsionadoras da busca pela perfeição

Redação enviada em 11/10/2018

Desde os tempos mais primórdios, os indivíduos almejam alcançar um ideal de beleza sublime e as mídias, com suas distintas expressões – nas pinturas clássicas de Vênus de Milo, nas revistas e filmes de Marilyn Monroe ou mesmo nos “stories” do Instagram de Kim Kardashian –, tornam-se paradigmas para essa consecução. Como um arquétipo do que o filósofo francês Guy Debord denominou como a “sociedade do espetáculo”, as mídias sociais configuram-se como vitrines virtuais nas quais se expõem e se consomem imagens de padrões de corpos perfeitos que, em sua maioria, são artificiais. A partir disso, surgem cada vez mais jovens com baixa autoestima que aderem a métodos de disciplina e procedimentos estéticos para melhorarem seus corpos, transformando o seu ser em um eterno cativo do parecer. Dentro desse contexto de corpocentrismo, ao examinarem-se e compararem-se uns aos outros, os sujeitos constroem percepções distorcidas sobre si mesmos e, ao não mais se contentarem com seus corpos naturais, manipulam suas bases a fim de que cheguem o mais próximo possível dos padrões impostos pelas mídias sociais. Páginas de perfis de musas fitness, socialites, blogueiros, youtubers e de seus próprios seguidores são espelhos que reforçam o monitoramento pessoal através de dietas da moda e rotinas de exercícios que mantém os indivíduos sob constante vigilância e controle. Sendo assim, eles são movidos a se modificarem pelo desejo de obter maior visibilidade e excelente avaliação dos outros. Esse fato pode ser confirmado através de uma pesquisa realizada pela AAFPRS (Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva), em 2013, que revelou um aumento na quantidade de procedimentos estéticos por jovens em virtude da publicação de selfies. Segundo esses dados, os pacientes declaravam que se preocupavam demasiadamente com sua imagem corporal exposta e que as imagens compartilhadas nas redes sociais motivaram seus desejos pelas intervenções estéticas. Percebe-se, por conseguinte, a importância e os impactos que esses espaços sociais online têm, atualmente, nas vidas psíquicas dos indivíduos, como o aumento dos distúrbios da imagem corporal e toda sorte de sofrimentos psicológicos. Destarte, uma vez responsáveis pela propagação de modelos inatingíveis de beleza, as mídias sociais também o deveriam ser para fomentar a criação e a disseminação de materiais educativos, campanhas e diálogos em prol da diversidade, da aceitação e da valorização do próprio corpo.