Título da redação:

Necessidade de Abaporus

Tema de redação: As mídias sociais como impulsionadoras da busca pela perfeição

Redação enviada em 08/09/2018

No início do século XX, os modernistas brasileiros, inspirados pelo caráter inovador das vanguardas europeias, buscaram coibir a estética mimética da arte nacional. Nesse sentido, em 1928, Tarsila do Amaral exibe sua obra "O Abaporu", na qual, além de retificar o objetivo patriota do movimento antropofágico, rompe com a idealização humana até então proposta. Atualmente, porém, observa-se que a busca pela perfeição ainda faz parte do cotidiano populacional, o que, impulsionado pelo rápido compartilhamento de informações das mídias sociais, contribui para exclusão daqueles que não atingem o padrão exigido. Assim sendo, são necessárias medidas que visem à extenuação dessa problemática. Em primeiro lugar, é importante destacar que a percepção daquilo considerado belo e sua consequente valorização atribuem status ao objeto analisado. A constante divulgação de fotos em redes sociais está atrelada, em grande parte, à quantificação de "likes" que esta irá receber, desse modo, o enaltecimento do fantástico torna-se sinônimo de superioridade. Tal processo gera em muitos, especialmente jovens, dependência quanto à aceitação no meio virtual e, naqueles que não estão alinhados, rejeição, a qual pode causar transtornos mentais como a depressão. Em segunda análise, nota-se que a promoção da beleza pelos veículos midiáticos perpetua o parâmetro estético vendido pelas grandes companhias. Segundo Adorno e Horkheimer, sociólogos e filósofos da Escola de Frankfurt, a comercialização e padronização do perfeito constitui a chamada Indústria Cultural, responsável pela massificação de gostos e desejos em dada população. Dessa maneira, a instantaneidade propiciada por páginas e sites na Internet consolida o modelo vendido e o espalha a um maior número de pessoas, formando-se, então, um círculo vicioso. Fica claro, portanto, que as mídias sociais corroboram com o desenvolvimento e publicação de paradigmas, os quais são responsáveis, muitas vezes, por problemas relacionados à interação e englobamento de seus usuários. Nesse sentido, é fundamental que o Estado, especialmente o Ministério da Educação, promova investimentos em infraestrutura, a fim de ajudar e instruir, já que a maioria são adolescentes, os alunos no ciberespaço. Para isso, deve-se contratar psicólogos e providenciar sessões semanais de acompanhamento estudantil, evitando a propagação dos transtornos mentais. Para mais, é essencial que a promoção de campanhas estéticas por empresas apresentem diversidade quanto aos esteriótipos, com o intuito de abranger as diferentes formas de beleza. Assim, espera-se que a ruptura, outrora proposta por Tarsila do Amaral, faça-se presente na contemporaneidade.