Rubião, personagem de Machado de Assis em “Quincas Borba”, descobre um mundo de aparências na cidade grande. Nessa perspectiva, esse abismo entre aparência e essência é verificado, hoje, em virtude do uso constante das mídias sociais. Assim, a busca pela perfeição se torna um problema, propulsionado pelo egocentrismo e pelo consumismo. De acordo com a obra “Modernidade Líquida”, do sociólogo polonês Bauman, a sociedade é dita líquida por ser incapaz de tomar forma fixa, com relações frágeis e conduzida pela busca do prazer individual. Sob tal ótica, é comum que os indivíduos, em especial os jovens, utilizem-se das redes sociais para promover a imagem pessoal deles dentro de um círculo de pessoas. Por conseguinte, a exposição acaba por gerar competição e uma busca patológica pela perfeição, tanto no que se refere à beleza como à felicidade. Ainda segundo a “Modernidade Líquida” de Bauman, a sociedade pós-moderna é de consumo e as transformações dela são ditadas pelo mercado. Nesse sentido, adquirir mais – do produto recém-lançado a viagens exóticas – gera a ilusão de poder e fomenta a exposição nas mídias sociais. Por sua vez, isso fortalece a criação de uma vida fundamentada nas aparências. Depreende-se, portanto, que a busca pela perfeição nas mídias sociais é fruto do comportamento social contemporâneo. Assim, impende ao Senado a criação de projeto de lei que implemente a obrigatoriedade de assistência psicológica nas escolas, com o propósito de orientar os jovens quanto ao uso das redes sociais. Desse modo, será possível fazer uso dessas ferramentas tecnológicas sem danos à vida real.