O tratamento de enfermidades realizado por conta própria era justificável há algumas décadas. Com a medicina menos avançada, o número de médicos e hospitais reduzido e a sociedade brasileira essencialmente rural, uma certa independência aos cuidados especializados se fazia necessária, visto que o acesso aos mesmos era escasso. Muitas vezes os tratamentos utilizavam remédios caseiros, chás, ervas e outros produtos naturais além dos pacientes recorrerem a curandeiros ou pessoas tidas como “sábias” na região. Atualmente, a medicina avançou consideravelmente e conquistou maior acessibilidade, além disso, a sociedade se tornou majoritariamente urbana, o que facilitou o fluxo de pessoas e produtos. Os tempos são outros mas alguns hábitos permaneceram, no lugar dos curandeiros estão os farmacêuticos e as ervas foram substituídas por remédios sintetizados em laboratório, de modo que os efeitos da automedicação se ampliaram. As consequências dos tratamentos por conta própria são grandes, e não só podem fragilizar o organismo do indivíduo como também ter efeitos sobre a saúde coletiva devido ao surgimento das superbactérias decorrente do uso inadequado de antibióticos. Há ainda o risco de se mascarar uma doença grave, dificultando seu diagnóstico e tratamento, além dos efeitos colaterais aos quais se está sujeito ao ingerir qualquer medicamento. A busca por autossuficiência, pode sinalizar um grande problema de infraestrutura na saúde. O que à primeira vista é apenas o desejo de independência, observado com atenção torna-se questão de necessidade. Um sinal de que os avanços não solucionaram a falta de acesso aos recursos, e de que o Sistema Público de Saúde não é eficiente, e faz com que seja mais fácil recorrer ao velho conhecido farmacêutico quando uma consulta médica parece impossível. Diante do exposto, constata-se que o primeiro passo é melhorar a qualidade da saúde pública brasileira, através de investimentos Estaduais, Federais e Municipais. Cabendo ao Ministério da Saúde a implementação de uma política de medicina preventiva, que reduza a automedicação, para isso, é importante que haja união das três esferas governamentais de modo que se tenha a divisão dos níveis de atendimento, possibilitando a triagem e o encaminhamentos do paciente, o que melhoraria o sistema. Além dessas medidas , é importante conscientizar a população sobre os riscos da medicação por conta própria e fiscalizar as farmácias para que não alimentem esse comportamento.