Título da redação:

Herança indesejada

Tema de redação: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 28/08/2016

A automedicação, sem dúvidas, é um hábito nacional, assim, sendo um comportamento naturalizado, é resultado da influência cultural e histórica sobre a conduta social. Ademais, constitui-se em um hábito nocivo, que por mais inofensivo aparente ser, acarreta em consequências graves. Primeiramente, a automedicação é uma herança cultural de quase um século sem a formação médica na sociedade colonial brasileira, como também do comportamento, típico da cultura indígena e africana, do tratamento a base de conselhos. Visto que, ambos enraizaram na sociedade brasileira o hábito de considerar amplamente a indicação médica de terceiros e relevar a imprudência de excluir o intermédio do médico no processo.Nesse sentido, se outrora prevalecia a sabedoria dos mais idosos ou de curandeiros, hoje vale o conselho de amigos, familiares e até mesmo da influência publicitária.Assim, 87% da população,segundo o Instituto de Saúde e Pesquisa, considera o intermédio do profissional desnecessário. Destarte, o hábito de automedicação foi assimilado como herança social, e assim é passado de uma geração à outra, o que o torna um problema ainda mais preocupante. A releitura prática da primeira lei de Newton, nos permite compreender que toda ação possui uma consequência.Nesse sentido,a automedicação, por interferir na química natural do organismo sem monitoramento médico, pode acarretar em graves consequências a saúde.Entre essas implicações, de acordo com o Ministério da Saúde, estão a dependência química, reações alérgicas, desequilíbrio neuroquímico e a resistência a antibióticos.Dessa forma, apesar de causar benefícios imediatos, observa-se, em uma perceptiva mais ampla, que a automedicação é um hábito social extremamente nocivo. Portanto, parafraseando o escritor José Saramago,a passagem das tradições sociais é uma via dupla, se por uma lado mantém viva a cultura de um povo, por outro perpetua seus erros. A partir desse viés, interromper o processo de transmissão desse hábito social como herança é uma necessidade imperativa. Para esse fim, é preciso a associação do governo com a mídia televisiva no processo de desconstrução da perspectiva social da automedicação como natural, através de alertas do Ministério da Saúde e da abordagem mais frequente desse tema em programas e telenovelas. Assim como o estabelecimento da obrigatoriedade de impressão, em destaque, nas embalagens farmacêuticas das consequências da automedicação do remédio em questão.