Título da redação:

Doutor Google

Tema de redação: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 16/10/2017

Hipócrates, pai da medicina, dizia: "Toda vez que um indivíduo diz que segue exatamente o que eu peço, está mentindo". Semelhante a Grécia Antiga, o brasileiro contemporâneo persiste no consumo de remédios sem a orientação médica. Entretanto, o aumento dos casos evidencia a ineficiência da Constituição Federal de 1988— norma de maior hierarquia no sistema jurídico — assegura a todos a saúde e o bem-estar. Dessa forma, o cidadão que não experimenta seus direitos, busca modos alternativos sem acompanhamento profissional. Em primeiro plano, a automedicação aponta a improficiência do sistema público de saúde do país. Nesse contexto, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma em “Modernidade Líquida”, que algumas instituições — dentre elas, o Estado — perderam sua função social, mas conservaram sua forma a qualquer custo e se configuram “instituições zumbis”. Essa metáfora serve para mostrar que algumas instituições públicas, como SUS, são incapazes de desempenhar seu papel social. Assim, a fragilidade do Sistema Único de Saúde, é uma das causas para a cultura de automedicação, que se mostra insuficiente para o bem estar do cidadão. Ademais, a administração irrestrita de medicação pode favorecer o surgimento das chamadas super bactérias. A esse respeito, a presença de antibióticos em dose inadequada permite a replicação dos genes na estrutura dos vírus e são capazes de selecionar a bactéria mais resistente e dificultar o tratamento da doença. Tal processo ocasiona um dos mais graves patógenos presentes no ambiente hospitalar. No entanto, enquanto a automedicação se mantiver, irá refletir gravemente na saúde da população em geral. Torna-se evidente, portanto, que o direito à saúde e bem estar, previsto pela Constituição Federal de 1988, deve assegurar na prática para todos os cidadãos. Nesse sentido, a Agência Nacional de Saúde Suplementar deve, por meio das mídias televisivas e sociais, veicular conteúdos capazes de valorizar o uso racional de medicamentos e mostrar as consequências nocivas da automedicação, como o surgimento das super bactérias. Ademais, é preciso que o Governo Federal direcione maiores verbas aos hospitais e fiscalize esses, para que o atendimento seja mais eficiente. Só assim, a sociedade irá valorizar a orientação profissional diferentemente do “Doutor Google”, conceito relacionado aos leigos da medicina.