Título da redação:

Cultura e saúde

Tema de redação: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 24/10/2017

Durante o período de reconstrução da cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX, ocorreu a chamada "revolta da vacina", movimento popular contra a vacinação obrigatória imposta pelo governo. Entretanto, atualmente, a situação é completamente inversa, mas tão preocupante quanto no episódio anterior. Desta forma, o uso despreocupado e excessivo de remédios, sem prévia receita médica, tornou-se um grande problema. Segundo especialistas, a automedicação pode encobrir sintomas de doenças graves e gerar complicações futuras, haja vista que não se efetuou um legítimo reconhecimento da enfermidade. Além disso, a utilização desenfreada de medicamentos colabora para a criação de microorganismos mais resistentes à ação dos remédios, conforme a aplicação da teoria de "seleção natural" de Charles Darwin. Desse modo, nota-se a complexidade da problemática em questão. De acordo com Mahatma Gandhi, antigo ativista indiano, a saúde é resultado também de nosso pensamento. Logo, a forma cultural de pensar do brasileiro, em relação a automedicação como meio rápido e efetivo, afeta negativamente a saúde da população do país. Ademais, a precariedade do sistema de saúde pública intensifica a ocorrência desses transtornos. Em conformidade com o conceito de "anomia" de Dahrendorf, sociólogo do século XX, quando o governo é incapaz, as regras comportamentais perdem sua validade. Assim, neste caso específico, a automedicação se torna o método de sanar uma necessidade não remediada pelo Estado. Portanto, iniciativas são necessárias para resolver o impasse. Primeiramente, o Ministério da Educação em conjunto com o Ministério da Saude, deveria organizar um programa de conscientização, em escolas e comunidades, a fim de alertar sobre as consequências da automedicação. Em seguida, o Poder Legislativo deveria criar uma lei que proibisse a comercialização de remédios sem prescrição, sob risco de multa, coibindo essas ações. Por último, caberia aos Governos estaduais e municipais investirem na estruturação e qualidade da saúde pública, reformando e equipando centros de atendimento médico.