Na Idade Média acreditava-se que muitas doenças eram causadas por excesso de líquido no corpo, portanto, retirava-se sangue por diversos métodos. Esse procedimento era chamado de sangria e é sabido, atualmente, que não tem nenhum fundamento, embora fosse feito por médicos. Contudo, a medicina só obteve progresso nos últimos séculos e os médicos daquela época não tinham um real conhecimento científico na area. Por essa forma de ver, pode-se comparar a medicina medieval com a automedicação? No ano de 2015 houve um grande surto de dengue. Muitos casos foram agravados pelo uso de ácido acetilsalicílico (aspirina), pois ele como anti-coagulante contribuía para uma dengue hemorrágica, muito mais grave. A cultura da automedicação foi ressaltada e criticada com a dengue, no entanto, ela é responsável por sessenta mil casos de internação nos últimos cinco anos no Brasil. Porém essa situação é uma faca de dois gumes, pois enquanto o SUS se encontra superlotado e não consegue atender a todos, muitos se automedicam por falta de acesso aos médicos e a automedicação errada sobrecarrega ainda mais os hospitais. Portanto, parte do governo investir em clínicas e em um atendimento mais eficiente. Mas também, comumente as pessoas têm dores de cabeça ou de garganta, sofrem de cólicas ou alergias, seria necessário marcar uma consulta? A automedicação deve ser evitada, sendo assim a exigência de receita médica a qualquer medicamento é muito eficaz, portanto, uma alternativa que não sobrecarregue o sistema de saúde e ao mesmo tempo combata essa cultura seria a contratação de alunos de medicina, em seu último ano,que queiram se especializar em clínica geral a fazerem plantões em farmácias. Esses devem atender aos clientes dos estabelecimentos, guiando-os sobre a medicação e também encaminhar quadros mais complexos a clínicas e hospitais. Em resumo, tomar remédios sem consultar um profissional é perigoso e deve ser combatido com a obrigatoriedade de uma receita médica. Cabe ao setor privado e ao público brasileiro o incentivo ao fim dessa cultura. O governo deve investir em uma maior eficiência no sistema de saúde, contratando mais profissionais, melhorando a infraestrutura e fiscalizando os gastos públicos. Ao setor privado, principalmente as farmácias, cabe a contratação de profissionais da área para instruir seus clientes. Sem essas medidas, consultar um tio, um vizinho, olhar na internet, não ler a bula, pode ser perigoso, pois assim como os médicos medievais não tinham um profundo conhecimento na medicina, o brasileiro comum também não tem, logo a automedicação pode ser considerada uma cultura muito antiga que deveria ter sido combatida a partir da Idade Moderna quando filósofos como Descartes mostram a importância de questionar qualquer conhecimento.