Título da redação:

Costume de risco

Tema de redação: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 01/04/2016

Desde o período pré-colonial brasileiro, sempre foi comum o uso de plantas e ervas para elaboração de chás, xaropes e antiinflamatórios naturais. Os nativos utilizavam esses recursos para sanar as dores e sintomas de doenças da época, caracterizando os primórdios da automedicação na cultura brasileira. Hoje, com avanço das indústrias farmacêuticas e a disponibilidade de informações, o uso irracional e demasiado de medicamentos, naturais ou não, é considerado problema de saúde pública. Inicialmente, é importante destacar que cerca de 90% dos jovens entre 16 a 24 anos automedicam-se. Imediatistas e sem disponibilidade para visitar um médico, esses indivíduos veem as informações disponíveis na internet e transmitidas pela televisão como suficientes para um autodiagnóstico. A ingestão indiscriminada de antiinflamatório e analgésicos pelo grupo é um das principais causas de intoxicação no Brasil, congestionando hospitais e postos de saúde. Convém ainda lembrar que medidas governamentais foram tomadas com o objetivo de minimizar a automedicação. Uma delas foi a venda de antibióticos apenas sob prescrição médica. Porém, ainda a má utilização desses medicamentos traz consequências irreversíveis à saúde dos brasileiros. O uso abusivo de antibióticos pode ocasionar a seleção das bactéria mais resistentes, são as denominadas superbactérias. Essas não sofrem mais com os efeitos de combate provocados pelos remédios e proliferam-se rapidamente. As doenças bacterianas ficam cada vez mais complexas de serem tratadas, aumentando o risco de morte para o doente. Portanto, automedicação no território brasileiro é fator histórico, suas consequências só aumentam com as facilidades trazidas pela modernidade. Para que as implicações desse costume sejam amenizadas, o governo federal junto as Secretarias de Saúde devem criar projetos como intuito de informar os riscos do uso irracional de medicamentos e investir na medicina preventiva. A Anvisa deve elaborar e colocar em prática fiscalizações mais eficientes para a indústria e o comércio farmacêuticos, evitando a venda e as produções indevidas de remédios. Nas escolas e universidades, debates precisam ser feitos acerca dos riscos da automedicação e das possibilidades trazidas a partir da utilização da medicina preventiva, visando conscientizar os alunos e suas famílias. Logo, em longo prazo, os benefícios serão sentidos por todos, principalmente, pelo sistema de saúde pública brasileiro.