"Que a noite traga alívio imediato." Esse verso de uma música de Humberto Gessinger expõe um desejo inerente aos brasileiros: pôr fim às dores. Tal desejo tem uma forma de expressão significativa na automedicação, uma prática prejudicial que pode tanto gerar danos à saúde quanto um estado de intolerância à dor nos indivíduos. De início, cabe falar da cultura brasileira de ignorar as consequências à saúde da medicação por conta própria. Desde sintomas simples a outros mais complexos e graves, o brasileiro está sempre buscando um medicamento para amenizar suas dores, seja porque não possui condições momentâneas de acesso a um médico, seja porque acredita entender do assunto. Contudo, na tentativa de diminuir as sintomáticas, pode acabar gerando outras. Antibióticos, por exemplo, quando não utilizados de modo correto, podem selecionar variações mais resistentes de microorganismos, aumentando a problemática. Além disso, a automedicação pode levar a um estado de letargia em relação à necessidade de controle da dor. Vive-se a era do imediatismo, na qual os problemas precisam ser resolvidos intantaneamente e a todo custo. Como toda ação possui uma reação, o preço que se paga por tal instantaneidade, por vezes, é caro. Quando se fala em medicação sem acompanhamento médico, as implicações se tornam ainda mais graves, pois pode até gerar dependência. Sentir dor é normal, a busca incessante de livrar-se dela, não. É necessário, portanto, resolver as causas da automedicação, de modo a impedir as implicações apontadas. O Estado deve melhorar a fiscalizações nas farmácias e drogarias, por meio do controle das prescrições médicas, a fim de que se diminuam os índices de automedicação. Por ser a educação a chave para modificar uma sociedade, a Escola deve exibir palestras a respeito dos danos da medicação por conta própria e de como lidar com as dores físico-psicológicas, com o objetivo de formar cidadãos comprometidos com a saúde do corpo e da alma.