Título da redação:

A Tradição da Automedicação

Tema de redação: As implicações da automedicação na cultura do brasileiro

Redação enviada em 28/03/2016

O desenvolvimento da indústria farmacêutica após a instalação da sociedade capitalista, apesar de positiva, fortaleceu um costume já antigo do ser humano: a automedicação. A facilidade de compra de medicamentos de variadas intensidades acaba se tornando um meio acessível para a população de países cuja saúde pública não alcança um nível satisfatório, como o Brasil, obter tratamento para suas enfermidades. Porém, a automedicação pode resultar em vícios, agravamentos de doenças e infecções causadas por uso indevido de fármacos. A automedicação pode ser conceituada como o ato de ingerir ou utilizar medicamentos sem a devida orientação e prescrição de profissionais capacitados para o fornecimento de informações corretas. Essa prática, encontrando-se difundida no Brasil – aproximadamente 30% dos casos de infecção no país são causados por uso de medicamentos de forma errônea, segunda a Anvisa-, costuma estar influenciada pela opinião de pessoas próximas, como parentes, baseados em informações de algum quadro clínico semelhante, desconhecendo o fato que cada organismo reage diferentemente as substâncias. O filósofo francês Émile Durkheim afirmava que a sociedade baseia-se em fatos sociais, que consistem em influências ao modo de agir e pensar exteriores ao indivíduo, dotados de um poder coercitivo. Percebe-se, então, que a automedicação está interligada com o fato da tradição do povo brasileiro em se remediar, sendo este um fato social indutivo. O uso de medicamento de forma imprópria, consequentemente, é aumentado pela falta de informação e controle sobre o uso de medicamentos, podendo agravar doenças e mascarar sintomas. O Ministério da Saúde criou em 2007 um Comitê Nacional para Promoção do Uso Racional de Medicamentos, que possui objetivo de desenvolvimento de propostas e projetos para o estímulo ao uso correto dos medicamentos no Brasil, juntamente com o programa Educanvisa, que visa inserir o ensino de temas da saúde no ensino fundamental, através da Anvisa, com materiais didáticos sobre propaganda e uso de medicamentos. Os referentes projetos, contudo, pouco efeito surtiram, em razão de falta de recursos e impreciso planejamento, apesar de sua positiva conduta. Portanto, medidas são necessárias a resolução deste impasse. O Ministério da Saúde, juntamente com os Governos Estaduais, deve ampliar os programas de conscientização, sendo estes o primeiro passo para redução da automedicação. O Estado deve investir em parcerias público-privada com a indústria e o comércio farmacêutico, tendo em vista o maior controle da venda de medicamentos, através de expansão dos órgãos reguladores, como a Anvisa, visando uma maior proteção do cidadão e a redução de gastos na saúde pública com infecções relacionadas a medicamentos.