Dor de cabeça, mal estar estomacal, infecção respiratória e desconforto muscular são os principais sintomas que motivam a automedicação. Embora os avanços tecnológicos e medicinais ocorridos no século XX, tenham proporcionado um aumento na variedade de medicamentos, na contemporaneidade, a utilização de fármacos sem a devida análise e prescrição médica prevalece entre a população brasileira. A influência familiar torna a prática da automedicação um fator cultural. Todavia, tal negligência se encontra como um retrocesso social e acarreta implicações desastrosas. O ser humano possui o instinto de fugir do desconforto e evitar situações que lhe causem sofrimento. Entretanto, algumas dores devem ser suportadas e interpretadas como um sinal de alerta do organismo. Desse modo, o uso indiscriminado de medicamentos pode ocultar sintomas graves de alguma doença ou até agravar o quadro clínico do paciente. Vale salientar, também, os riscos de reação alérgica e de quadros graves de intoxicações. Como disse Paracelso, revolucionário da medicina e físico do século XV: “Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio”. Portanto nenhuma medicação imediata irá suprir os benefícios de uma consulta médica. Por outro lado, verifica-se que a automedicação, para a indústria farmacêutica, é lucrativa, uma vez que a saúde é oferecida como uma mercadoria e os medicamentos são vistos como empreendimentos rentáveis. Nesse contexto, observa-se o lamentável: as farmácias que deveriam agir como verdadeiros agentes de saúde na comunidade encontram-se descompromissadas com a classe médica e com a ética no mercado e corrompem os princípios da sensatez. Diante disso, fica evidente a necessidade de se combater a automedicação. Para tanto, torna-se imprescindível que o Ministério Público fiscalize de forma eficiente e penalize propagandas enganosas de medicamentos que induzem a sociedade a se automedicar. Além disso, com o objetivo de facilitar o aprendizado de temas complexos sobre saúde no ensino fundamental e médio, cabe ao Ministério da Saúde juntamente com o MEC fornecer materiais didáticos para servirem como apoio ao aprendizado do uso racional de medicamentos, informando, dessa forma, jovens e crianças dos decorrentes efeitos dessa prática. Somente assim será possível promover o verdadeiro bem-estar social a toda população.