Quando um estudante de curso superior adquire a graduação, o que será preferível para ele: ingressar no mercado de trabalho com um razoável salário para o início de carreira ou voltar-se para o campo da pesquisa científica e tecnológica, de forma integral, e receber por isso cerca de R$ 400 mensais? No atual mundo capitalista, onde é preciso ter recursos financeiros para sobreviver, a resposta a essa pergunta parece óbvia: ingressar no mercado de trabalho. Porém, essa não é a única razão para que o Brasil, ocupe ainda, no século XXI, a 13ª posição no ranking mundial que mostra o número de trabalhadores científicos por país. Enquanto nos Estados Unidos são quase 10 pesquisadores para cada mil trabalhadores, no Brasil, esse número não chega nem a dois pesquisadores para mil trabalhadores. Além da situação do baixo valor das bolsas para pesquisa científica e tecnológica, os interessados pela área precisam enfrentar outras barreiras, como os baixos orçamentos do governo para a pesquisa, a burocracia demandada para ser um pesquisador e – o que é ainda pior - o desconhecimento ou mesmo o desinteresse dos políticos do país pelo campo. Isso tudo porque, na terra do “jeitinho”, em que a meritocracia é, inúmeras vezes, desmerecida e ignorada, e num país em que nem mesmo os políticos são demandados a ter o mínimo de conhecimento, a pesquisa é vista com desprezo, especialmente quando, a curto prazo, não apresenta algo que possa ser colocado imediatamente em prática. Como se toda a pesquisa realizada tivesse de demonstrar resultados imediatos. Ademais, o campo da pesquisa tecnológica e científica é uma área que, quando é necessário fazer cortes orçamentários, acaba sendo uma das primeiras a sofrer as consequências. Portanto, superar essas dificuldades no campo do desenvolvimento tecnológico e científico demanda, no mínimo, mais orçamento destinado pelo Governo Federal para a área, a começar pelo aumento do valor das bolsas de estudo, a fim de que os pesquisadores brasileiros desenvolvam suas pesquisas no Brasil e não busquem outros países que oferecem melhores condições. Em âmbito local, as prefeituras podem implementar em suas secretarias de educação áreas destinadas a incentivar estudantes de ensino médio e universitários a se voltarem para o campo da pesquisa. Além disso, é necessário que políticos tenham em mente que a pesquisa demanda tempo, mas que, com o devido incentivo, o Brasil pode se tornar um produtor mundial de conhecimento em ciência e tecnologia.