A partir do século XX, consoante o economista Celso Furtado, o Brasil assiste a um processo de urbanização acentuado, notadamente em razão do fim do ciclo cafeeiro e início da industrialização por substituição das importações. Essa mudança, nada obstante, não resultou de um planejamento, provocando o crescimento desordenado das cidades brasileiras, o que impactou o sistema de transportes, o qual, atualmente, se encontra ultrapassado. Diferentemente de países da União Europeia, o Brasil adotou no governo do presidente Juscelino uma política de transportes rodoviarista, dando ênfase ao transporte de passageiros por carro ou ônibus, em detrimento ao transporte de massa, como os trens e os BRTs (ônibus de transporte rápido) .Em razão disso, as cidades aos poucos se viram repletas de carros e ônibus, gerando um trânsito caótico e incompatível com a dinâmica da circulação de pessoas. Ademais, dados do IBGE apontam que São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades cujo tempo de deslocamento de casa para o trabalho é o maior do país. Ainda que sejam as cidades mais ricas do país, a população sofre com a precariedade do sistema público de transportes, reduzindo a qualidade de vida dos cidadãos. Embora a Declaração Universal dos Direitos Humanos garanta a todos o direito de ir e vir, muitas populações ribeirinhas da Amazônia brasileira e do Sertão Nordestino sequer têm acesso a um sistema público de transportes, o que inviabiliza, inclusive, a fruição dos demais direitos, como saúde e educação, visto que há necessidade de ir ao hospital ou à escola para ter acesso a esses serviços. O sistema público de transportes precisa ser reformulado, portanto. Para isso acontecer, o Ministério dos Transportes deverá lançar um plano nacional de revitalização dos transportes públicos, levando transportes aos que não tem e melhorando os meios de transportes já existentes, adaptando cada tipo de transporte às necessidades regionais. Por outro lado, o Ministério das Cidades deve continuar investindo na ampliação do projeto BRT, a fim de proporcionar maior mobilidade aos cidadãos nas grandes cidades brasileiras, por meio da maior capilaridade dos corredores de ônibus.