Título da redação:

Recuperando a dignidade

Tema de redação: As deficiências do transporte público brasileiro

Redação enviada em 24/07/2017

Protestos contra a precarização e o aumento das passagens no transporte público não é uma novidade no Brasil. No segundo reinado, por exemplo, houve a revolta do vintém, manifestação que protestava contra o aumento de 10% nas passagens do bonde. Além disso, em 2013, aconteceu um protesto do movimento Passe-livre, iniciativa, o qual reuniu jovens das metrópoles, a fim de contestar o aumento de vinte centavos nas passagens, enquanto não se observava melhora na prestação de serviço, o qual é superlotado, caro, lento e insuficiente para atender a população das grandes cidades. Quais são as causas para esse processo? Nesse contexto, o processo de urbanização brasileiro não aconteceu de forma planejada, já que após a crise de 1929 as cidades observaram a migração do contingente populacional rural atingida pela crise para as cidades, sem que houvesse áreas infraestruturadas capaz de acomodar essa população, o qual se fixou em localidades distantes dos centros comerciais, de modo que iniciou a organização sócio-espacial denominada: núcleo-periferia. Com o passar dos anos, este modelo se consolidou, contudo o governo não realizou todos os investimentos necessários a fim de ampliar e facilitar a locomoção das populações pobres moradoras da periferia( grande usuária desse serviço) para o seu trabalho. Por isso, o sistema público de transporte se encontra precarizado, ou seja, superlotado e insuficiente. Além do mais, a cultura de massa, teorizada pelo filósofo Adorno da escola de Frankfurt, incentiva através das propagandas a compra de um carro, já que o automóvel se tornou sinônimo de conforto e independência. Esse fenômeno em conjunto com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), proposta pelo governo ampliou o aumento da frota de carros nas metrópoles, de maneira que saturou os espaços na via pública, gerando o congestionamento. Deste modo, o ônibus é obrigado a reduzir a velocidade, de fato que deixa o serviço mais lento. Ademais, em 1988, o governo federal se afastou das questões do transporte público, deixando a responsabilidade para o governo estadual e municipal, os quais recolhem impostos e seguros como, por exemplo, o CIDE( imposto sobre o combustível) e DPVAT( seguro contra acidentes), todavia as verbas arrecadas são economizadas e não investidas no setor. Por conseguinte, o governo joga a responsabilidade de arcar com custos para os usuários, os quais pagam passagens mais caras, sem haja uma melhora no serviço. Portanto, a deficiência no transporte público está ligada à irresponsabilidade governamental que não consegue garantir um serviço de qualidade, direito previsto no artigo sexto da constituição. Em vista do problemas citados, o ministério dos transportes deve voltar os seus investimentos ao transporte público, de sorte que amplie a frota nas áreas periféricas, bem como construa novos terminais rodoviários nessa área. O governo municipal deve criar linhas exclusivas para ônibus nas principais vias públicas do município , assim aumentará a velocidade das viagens. Deste modo haverá a prestação de serviço de qualidade, o qual recuperará a dignidade dos usuários de transporte público.