Émile Durkheim definiu a sociedade como um "organismo vivo" que mantém sua ordem e estrutura à medida que cada parte executa sua função em benefício do todo. Nesse sentido, a atual situação do transporte público brasileiro seria uma patologia social, uma vez que a sua atual precariedade traz malefícios a sociedade, como a grande dificuldade em exercer o direito de ir e vir, além do agravamento de problemas ambientais É importante salientar que a atual debilidade do transporte público brasileiro é consequência de fatores históricos. Em um país de dimensões continentais, como o Brasil, é mais que necessária a integração entre os diferentes modais de transporte, como por exemplo: ferroviário, hidroviário e rodoviário. No entanto, ao longo do século XX, sucessivos presidentes concentraram os investimentos públicos no modal rodoviário, em detrimento aos demais, processo que pode ser sintetizado na seguinte frase do presidente Washington Luís, "governar é abrir estradas". Em virtude disso, há uma alarmante sobrecarga sobre o sistema rodoviário, prejudicando diariamente a circulação de pessoas, além de encarecer fretes e ampliar o tempo de viagens que poderiam ser realizadas a trem. Além disso, o intenso processo de urbanização da sociedade brasileira, ocorrido a partir da década de 30 do século XX, aumentou exponencialmente a demanda pelos transportes públicos, criando a necessidade de ampliação e modernização da oferta, o que não ocorreu. A quantidade de veículos disponíveis não atende às necessidades. Diariamente as pessoas são obrigadas a frequentar ônibus e metrôs superlotados, tal falta de comodidade torna o transporte individual uma das prioridades de aquisição pela população. Atualmente, há um carro em circulação para cada 4 habitantes, o que causa frequentes congestionamentos nas vias, ampliando o tempo de deslocamento diário das pessoas além de agravar problemas ambientas, como o efeito estufa causado pela emissão de gases provenientes da queima de combustíveis fósseis. Fica claro, portanto, que a atual situação do sistema público de transportes traz malefícios sociais e ambientais, tornando necessária a atuação do Governo Federal para revertê-la. Por meio de investimentos para a integração intermodal, promovendo a expansão da malha ferroviária. Ademais, fornecer verbas ao governos municipais para a modernização e ampliação das frotas de ônibus, além de incentivar a população a optar pelo uso do transporte público, no intuito de diminuir a quantidade de carros em circulação, reduzindo a superlotação das vias e os prejuízos ambientais.