Tarifas altíssimas, veículos muitas vezes sucateados, elevado tempo de espera, quantidades insuficientes de linhas e a consecutiva superlotação são só alguns dos vergonhosos problemas encontrados no transporte coletivo brasileiro. Assim, faz-se necessário entender os motivos históricos para o quadro atual e buscar soluções para melhorá-lo. Primeiramente, é preciso atentar para o fato de que o Brasil contou com uma industrialização tardia, que resultou em uma acelerada urbanização e em um atropelado êxodo rural. Esse cenário tornou possível a metropolização e o a alta valorização imobiliária, que fez com que, diante da falta de moradia barata nos centros urbanos, muitos cidadãos passassem a residir em zonas afastadas de seus locais de trabalho. Esse fenômeno é conhecido como conurbação e foi grande o principal responsável pela carência de meios de transporte que suprissem as necessidades de mobilidade da população. Dessa forma, os transportes passaram a ser responsabilidade de cada município, que, de acordo com a lei, teriam a possibilidade de assumir 100% desse compromisso ou de terceirizar o serviço por meio de licitações de empresas pretendentes, alternativa adotada na maioria das vezes, já que os investimentos em educação e saúde são prioridade. Por conseguinte, infere-se que o chamado transporte público é, na verdade, privatizado e as organizações contratadas, normalmente, visam o lucro próprio em detrimento do gasto com a qualidade. Portanto, fica evidente que, diante da problemática, o poder público deve tomar atitudes para melhorar as deficiências da locomoção nacional. Destarte, é imprescindível haver uma maior exigência por parte dos municípios às empresas de transporte terceirizado, por meio de fiscalizações não avisadas e de recolhimento das reclamações dos usuários pelo disque denúncia e em caso do não cumprimento da qualidade, deve-se haver novas licitações, acompanhadas pela Secretaria de Transporte Estadual. Apenas assim as escolhas serão justas e as empresas saberão que podem ser trocadas em caso de insuficiência do serviço, priorizando os investimentos em qualidade.