“No meio do caminho tinha uma pedra/ Tinha uma pedra no meio do caminho.” Esses versos do escritor Carlos Drummond de Andrade podem ser relacionados com a falta de mobilidade urbana, já que essa problemática vem se apresentando como um obstáculo para a população. Nesse prisma, é importante analisar os aspectos políticos e sociais que envolvem essa questão no Brasil. De antemão, nota-se que o poder público mostra-se omisso ao não permitir transporte coletivo á todos. Isso porque existe uma deficiência em relação ao processo de aplicação da lei de mobilidade urbana, o que prejudica, principalmente, a acessibilidade dos cidadãos. Prova disso é que diversas cidades estão enfrentando a superlotação desses automóveis. Sendo assim, constata-se, a omissão do Estado na garantia dos direitos populacionais, o que-sob a ótica do filósofo Thomas Hobbes- seria uma ruptura de contrato social. Também, observa-se que o sistema capitalista influencia no excesso de carros particulares nas vias urbanas. Verifica-se isso por meio do padrão de felicidade adotado pelo fordismo, o qual afirma que, para ser feliz, é necessário possuir um carro. Tomando as reflexões do filósofo Zygmunt Bauman como linha condutora para explicar esse cenário, verifica-se a influencia do pessimismo que se abateu sobre as pessoas depois da Segunda Guerra Mundial. Visto que, não acreditando mais em sociedades utópicas, os indivíduos passaram a aceitar quadros negativos. Ressalta-se, portanto, que o direito a locomobilidade qualificada deve ser garantido. Para isso é, necessário, estimular, por intermédio da mídia, a conscientização dos caos que o país vem sofrendo devido a esse problema. Ainda, é importante, exigir do governo, via organizações não governamentais, políticas públicas que tenham o objetivo de melhorar as frotas desses veículos. Além disso, deve haver a sensibilização da sociedade, via campanhas midiáticas, a fim de que todos sejam capazes de se locomoverem. Desse modo, seria possível combater esse problema, afinal, como diz o poeta Drummond, é preciso não esquecer que existem “pedras” no caminho.