Desde os processos denominados "Revoluções industriais" e a ascensão do capitalismo, o mundo vem demasiadamente priorizando produtos e mercado em detrimento de valores humanos essenciais. Nesse contexto, surge a problemática do sedentarismo infantil e suas implicações que instauram-se ligadas à realidade do país, seja pela passividade dos pais na educação de seus filhos, seja pela precoce dependência de tecnologias eletrônicas na puerícia. Primeiramente, é possível apreender com a obra "O brincar e a realidade" de Winnicott, que a recreação, além de associar-se à construção da identidade, sobretudo, em forma de atividades motoras, promovem a saúde das crianças. É inaceitável que os pais recusem-se a atentar à falta de brincadeiras que envolvam movimentos físicos no cotidiano das mesmas, classificando-as, assim, como sedentárias, ou seja, menos de 2200 calorias são gastas por semana. Outrossim, dão subterfúgio ao quadro vigente a estrita relação entre o tempo gasto em frente à televisão e o sobrepeso. De acordo com os dados da pesquisa divulgada pelo projeto "Bodytech", nota-se que 35% das crianças obesas chegam a dedicar 5 horas assistindo à TV diariamente. Ademais, elas são constantemente expostas à propagandas de alimentos pobres em nutrientes e com alto teor de gordura, distanciando-as, ainda mais, do vigor e energia proveniente de uma alimentação saudável e balanceada. Daí, surge um "ciclo inercial", pois ao ingerirem tais comidas, tornam-se mais indispostas, e tendem, conforme postulou Newton, a permanecer em seu estado inicial. Entende-se, de modo exposto, que o sedentarismo infantil e seus impactos são frutos de negligentes atitudes familiares e da posição que os meios de comunicação ocupam na infância moderna. A fim de atenuar o problema, é mister, portanto, a implementação de projetos nas escolas com o intuito de realizar atividades físicas após o período oficial de aulas e durante os intervalos. Paralelamente, seus núcleos familiares devem intervir rigorosamente nos hábitos ociosos de seus filhos, sugerindo brincadeiras por ventura presentes em suas infâncias para fortalecer a ideia. Também, é recomendável que peças midiáticas, como novelas infantis e propagandas demonstrem a importância da alimentação correta à saúde, sendo veículadas em rede nacional com subsídio estatal. Dessas e outras maneiras, lutaremos contra esse impasse, afinal, segundo Platão defendia, o importante não é apenas viver, mas viver bem.