Título da redação:

Crianças paradas

Tema de redação: As consequências do sedentarismo infantil na atualidade

Redação enviada em 25/08/2017

Segundo Émile Durkheim, um dos célebres teóricos do século XIX, a sociedade pode ser comparada a um “organismo vivo” por apresentar funcionalidade integrada. Hodiernamente, contudo, a ausência de políticas públicas de saúde capazes de reeducar jovens e crianças é responsável por nutrir o sedentarismo infantil no território nacional. Esse problema tornou-se comum no ambiente social, diante de uma sociedade marcada pelo consumismo. Destarte, a interligação entre os segmentos do “ organismo biológico” não é efetuada, afetando todo o aprimoramento social e qualidade de vida no país. É importante pontuar, de início, que a não realização de atividades ocupacionais de elevado gasto calórico é um fator conjuntural. Isso ocorre em função das modificações no estilo de vida dos indivíduos. Nesse contexto, a ratificação do capitalismo cultural e a inocuidade governamental em promover programas de transformação dos costumes do brasileiro impuseram à sociedade um padrão de vivência pautado na comodidade. Como resultado, segundo os dados publicados em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a substituição de exercícios físicos por distrações tecnológicas propiciou um círculo vicioso de sedentarismo, concentrando aproximadamente 65 milhões de inativos no Brasil. É fundamental pontuar, ainda, que a presença de práticas alimentares acentua o problema. Isso decorre do ganho excessivo de peso por parte dos indivíduos. Essas práticas alimentares, no entanto, são influenciadas por propagandas persuasivas que expõem produtos com um fetiche, caracterizado por Karl Marx como a construção da ilusão de que a felicidade seria alcançada a partir da compra desse produto. Outrossim, crianças e jovens, por não terem um pensamento crítico formado, ficam suscetíveis a serem alienados por essas, fazendo com que consumam produtos prejudiciais à saúde. Dessa forma, doenças como obesidade e diabetes vêm crescendo exponencialmente em meio a sociedade, elevando o número de crianças sedentárias no Brasil. Fica evidente, portanto, que as bases do sedentarismo estão fincadas nos hábitos coletivos e são intensificadas por políticas de saúde mal elaboradas. A fim de que essa situação seja revertida, o Ministério da Educação deve investir em feiras esportivas nas escolas e nas comunidades, incluindo a participação discente, docente e familiar, mostrando por meio de palestras e encontros a importância de atividades físicas desde a infância. Ademais, é necessário que o Ministério da Saúde estabeleça um plano nacional de reeducação alimentar, o que poderia ser feito por mapeamento das regiões mais afetadas por doenças atreladas ao sedentarismo e a má alimentação, criando centros de recuperação nas áreas mapeadas, disponibilizando nutricionistas e educadores físicos aos pacientes. Em síntese, materializando tais medidas, o “corpo orgânico” de Durkheim será integrado em um ambiente mais coeso e saudável.