Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: As consequências do consumismo infantil

Redação enviada em 29/04/2016

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Certamente, hoje, diante do exagerado consumismo infantil, Brás veria sua decisão ainda mais acertada. Dessa forma, é preciso analisar a conseqüência pessoal e social dessa tradição. Em primeiro lugar, é preciso considerar a liquefação singular causada por tanto consumo. Umas das características do capitalismo moderno é que tudo se satura muito rápido , nada permanece, compra-se eletrônicos com validade de alimento. Dessa forma, uma lógica na qual as crianças tendem a pautar suas felicidades e qualidades de vida na quantidade é criada, sendo corroborada por tanta publicidade infantil que, durante o horário nobre, vende em coleções e conjuntos, sempre pontuando que um não é suficiente. Logo, cria-se o que o adulto personificado em “Amor Líquido”, de Bauman, absolutamente sem forma própria, que se adapta as transformações das gigantes catedrais do consumo. Além disso, essa postura tende a ter um grande impacto na sociedade. Sapatos, maquiagem, grifes e sobretudo: emulação de comportamentos adultos. Um massivo contato com práticas que, ordinariamente, não fariam parte do escopo de nenhuma criança tende a reduzir o sentido de ser criança, a partir do momento no qual ir ao Shopping é mais comum que andar de bicicleta ou brincar na rua. Assim, como Neil deGrasse pontuou, teremos adultos sem criatividade, biologicamente retardatários, e como disse: “ adultos que não bateram em panela nem descobriram o mundo ao redor”. Portanto, é preciso a intervenção estatal e familiar. O primeiro, controlando a publicidade infantil, por meio de leis como na Suécia, em que as propagandas focadas em crianças menores de doze anos só são permitidas depois das 21 horas. O segundo, direcionando os pequenos a uma infância sem tanta disseminação de valores consumistas e, principalmente, com hábitos descontraídos. Para isso, parar de precificar tudo para as crianças e deixá-los brincar na rua, ir a parques.Somente assim será possível fazer com que o Defunto de Machado mudasse de ideia.