O consumo de drogas no Brasil avança, e hoje já ocupa o segundo lugar na classificação mundial, demonstrando a relevância deste tema. Essa questão apresenta uma problematização bastante complexa, uma vez que gera uma gama de consequências, não só na saúde dos usuários, mas também na sociedade como um todo. Comprovam este ponto de vista, argumentos como o crescimento da população de dependentes e o aumento da violência relacionada ao tráfico dessas substâncias. Tecendo uma contextualização histórica, nota-se que o consumo de drogas não é uma exclusividade da sociedade atual. Todas as Eras históricas possuíram substâncias que eram tipicamente usadas como entorpecentes. Um exemplo seria o ópio, um princípio ativo retirado de uma flor, com propriedades altamente alucinógenas, usada como droga durante séculos. Contudo, o que se observa agora é o desenvolvimento de drogas mais elaboradas e com potencial de causar dependência cada vez maior. Essa característica gera dependentes químicos em alto grau, que se entregam ao vício e perdem gradativamente a sociabilidade, a família e o emprego, gerando redutos de dependentes químicos nos espaços urbanos, como é o caso das chamadas "cracolândias". Ou seja, esses locais revelam gritantemente uma das faces do avanço das drogas, uma realidade que não se enxergava no século passado, agora salta diante dos olhos, nas principais cidades brasileiras. E toda essa realidade é alimentada por um mercado altamente lucrativo, representada pelo tráfico de drogas. Este mercado se baseia na dependência de seus consumidores, ou seja, se estrutura na exploração do vício. Esse vício geralmente ocorre por depressão, ansiedade, lacunas afetivas, problemas familiares, propensão genética e se mantém no longo prazo porque proporcionam aos usuários intensas sensações de prazer, pela liberação do neurotransmissor dopamina no sangue. Todavia, seja qual for o motivo desencadeador do vício, este comportamento avança cada vez mais na sociedade brasileira, especialmente entre os grupos de risco, composto pelos adolescentes, pois ainda estão no momento de formação da personalidade e caráter decisório, e por pessoas com distúrbios psicológicos, que acabam buscando nas drogas um pouco de alívio, alegria e prazer. E é este avanço que fortalece o mercado de drogas e as facções criminosas no Brasil, aumentando muito a violência e a criminalidade, o que constitui uma consequência social e um desafio para o Poder Público. Com tudo isso, ratifica-se que as consequências do avanço das drogas no Brasil vão muito além do âmbito da saúde. E para que tal avanço possa ser contido, são necessárias intervenções diretas em ambos os sentidos mencionados. Uma medida para reduzir o número de jovens consumidores de drogas deve ter como principais agentes as escolas públicas e privadas, as Ong's situadas em regiões de tráfico e o Ministério da Educação e dos Esportes, para implementar atividades esportivas, culturais e artísticas, a fim de repelir os jovens das drogas. Por outro lado, o Governo Federal associado aos Governos Estaduais devem planejar estratégias para desmontar e reduzir a efetividade do comércio de drogas, a fim de que o poder paralelo do tráfico seja minado gradualmente. Esse conjunto de medidas deve, potencialmente, conter o avanço das drogas e suas consequências, reduzindo o número de usuários e a violência que emana dessa realidade.