O Brasil vem ganhando notoriedade mundial pelo crescente número de casos de microcefalia ligados ao Zika vírus. A exposição de mulheres grávidas ao mosquito Aedes aegypti – vetor do vírus – está fortemente atrelada ao falho gerenciamento social do Estado, que não esteve em ressonância com a explosão do êxodo rural consequente da industrialização tardia do século XX. Países em desenvolvimento, que aderiram à modernização apenas na 2ª Revolução Industrial, tendem a sofrer com cidades mal planejadas, propícias para o mosquito transmissor do Zika. A chance de ascensão social estimula o êxodo rural às cidades que não comportam um grande número de pessoas. Dessa maneira, a favelização vem em paralelo com a displicência do Governo, que não consegue mapear e gerar medidas efetivas para combater locais com possíveis focos do mosquito Aedes aegypti. Desse modo, os efeitos da negligência governamental estão convergindo para dados da OMS, que apontam o Brasil como o país com o maior número de casos de microcefalia atribuídos ao vírus Zika. A microcefalia, por não ter cura, marcará toda uma geração, as famílias e principalmente as mães dos bebês, justamente por essas serem possíveis vítimas de preconceito perante a sociedade. A própria mulher, a fim de não gerar um filho com a doença, poderá partir para medias extremas como o aborto ilegal, causando muitas vezes a morte não só do filho, mas também da própria mãe. Portanto, é evidente que a teoria contratualista, pontuada por Rousseau, que expõe o poder estatal como aquele que deve prover um bem estar social, não está sendo efetiva no Brasil. O Governo Federal deve ter uma atitude mais enérgica no intuito de combater focos do mosquito transmissor do Zika, através de um mapeamento fomentado pelo SUS, que apontará a região da residência de todos os pacientes que derem entrada no hospital com sintomas do vírus. Após o mapeamento, agentes de saúde deverão visitar os locais mapeados, no intuito de combater e prevenir com uma conscientização dos moradores por meio de visitas em domicílio e distribuição de panfletos. A erradicação dos casos de microcefalia atrelados ao Zika vírus deve se dar combatendo, principalmente, suas raízes.