Segundo pesquisa divulgada pela revista Forbes, o Brasil é o maior utilizador de redes sociais da América Latina. Nesse contexto, a coleta de informações dos usuários por aquelas atinge considerável parte da população e configura preocupante cenário, posto que propicia a falsa sensação de que a opinião deles predomina. Essa visão unidirecional da realidade caracteriza as bolhas sociais, que têm como consequência a desinformação e a intolerância. Na alegoria da caverna, do filósofo grego Platão, os prisioneiros tinham como realidade as sombras e, se advertidos da verdadeira situação – um conhecimento novo – tenderiam a adotar postura cética, retornando à verdade habitual. Do mesmo modo, as bolhas sociais encorajam a falsa impressão de que o pensamento do usuário é preponderante, posto que prioriza a disseminação de informações condizentes com as ideias dele. Por conta disso, as pessoas acabam segmentadas em grupos com uma percepção limitada do real, repudiando contradições como se fossem absurdas. Já na obra “O Alienista”, de Machado de Assis, Simão Bacamarte, buscando definir a loucura embasado em critério pessoal, acaba por tornar-se intolerante. De forma análoga, ao segregar as pessoas conforme preceitos próprios, o que é potencializado pelas bolhas sociais, o indivíduo torna-se inflexível a opiniões diversas. Isso ocorre porque o usuário, em vista da baixa visibilidade de conteúdos que divergem das convicções dele, acostuma-se somente a estas, tomando-as como verdade absoluta. Por conseguinte, práticas de intolerância como o bullying cibernético são cada vez mais frequentes. Destarte, depreende-se que bolhas sociais fomentam práticas intolerantes ao passo que cingem o alcance da informação. Assim, sendo impossível cessar a coleta de informações, haja vista que não raro asseguram a gratuidade das redes sociais, impende ao usuário buscar outras fontes de informação. Ademais, cabe ao Ministério da Cultura a elaboração de propagandas televisivas em canais abertos, com o intuito de inteirar o máximo possível de pessoas quanto ao mecanismo de seleção de informações e incentivar a leitura de jornais, revistas e livros.