O ser humano naturalmente busca a sensação de conformidade de ideias, pois o contexto de confronto com o que aparenta ser o certo desagrada e causa desconforto. Tendo isso em vista, instintivamente tendemos a nos fechar naquilo que mostra-se semelhante a nossa realidade e forma de pensar, criando-se uma bolha social ao nosso redor, que serve para potencializar a nossa alienação frente realidades distintas, que em cenários mórbidos, resulta-se em discriminação. Fechados em "nosso mundo", ficamos condicionados a acreditar que, aquilo o qual vivenciamos, estende-se ao restante das pessoas, ou seja, generalizamos sensos e opiniões. A internet conseguiu intensificar ainda mais esse fenômeno, pois possibilita que filtremos aquilo que iremos consumir de conteúdo, evitando qualquer tipo de confronto. A ignorância e alienação torna-se uma consequência natural, assim como a perda de criticidade analítica do contexto geral em que estamos inseridos. Ainda nesse contexto, um problema ainda pior pode surgir, que é a discriminação. Justamente por estarmos inseridos em nossas bolhas sociais, o diferente pode acabar sendo interpretado como um agente externo que busca atrapalhar o estado natural das coisas, que em casos extremos, resulta em ações motivadas por ódio e preconceito. Isso pode facilmente ser observado em períodos de eleição, onde as pessoas fecham-se com aqueles de opiniões semelhantes, tratando o diferente como errado, perigoso e imoral. Sendo assim, como uma forma de estimular a empatia e compreensão dos indivíduos frente aqueles de vivência e opiniões divergentes, o governo federal poderia democratizar o acesso a literaturas, disponibilizando uma plataforma online e gratuita com livros de diferentes crenças, ideologias políticas e econômicas e de contextos geopolíticos. Como proposta complementar, essa diversificação de opiniões poderia ser expandida para o ensino médio, onde infelizmente ainda não há uma emenda igualitária que permita abordar todos os tipos de pensamentos e ideologias. Com isso, independente da bolha social o qual a pessoa está inserida, ela entenderá a forma de pensar, agir e crer de outros indivíduos, respeitando-os primordialmente.